Se tem na sua sala uma criança que gagueja, poderá não ter a certeza de como a pode ajudar. Se é esse o caso, está no sítio certo. Descubra aqui o que pode fazer para ajudar.

Tradução livre.
Stammering Centre. Information for Teachers. Consultado a 21 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/teacher-information

A gaguez é universal. Pode ser encontrada em qualquer parte do mundo, em todas as culturas, religiões e grupos socioeconómicos. Pode ser referida como gaguez ou disfluência. A gaguez pode assumir muitas formas diferentes e cada pessoa que gagueja apresenta características ligeiramente diferentes. Nós sabemos que:
  • Geralmente começa na infância entre os 2 e os 5 anos (frequentemente depois da criança já ter começado a falar).
  • Pode começar gradualmente ou de repente.
  • Enquanto inicialmente a gaguez afeta os meninos e meninas de igual forma, mais tarde há cerca de 4 ou 5 vezes mais meninos que gaguejam do que meninas.
  • Cerca de 5% das crianças pode passar por uma fase em que parece que gaguejam, mas como só afeta 1% dos adultos, muitas crianças recuperam naturalmente ou com alguma ajuda.
  • Os pais não causam a gaguez.
  • A gaguez pode ser hereditária.
  • Geralmente é imprevisível, variável e episódica.
Características da gaguez Embora a quantidade e o tipo de gaguez seja diferente para cada indivíduo, as seguintes características são as mais comuns:
  • Repetição da palavra completa, por exemplo: “Eu, eu, eu depois fui embora”.
  • Repetição de sons individuais, por exemplo: “V-v-vem a-a-aqui.”.
  • Prolongamento de sons, por exemplo: “ssssssseis chocolates”.
  • Bloqueio de sons, a boca está na posição, mas nenhum som sai.
  • Tensão facial – nos músculos em torno dos olhos, nariz, lábios e pescoço.
  • Podem ocorrer movimentos extra do corpo quando a criança tenta dizer a palavra, por exemplo: bater com o pé, mudar a posição do corpo ou bater com os dedos.
  • A respiração pode ser interrompida, por exemplo, a criança pode prender a respiração enquanto fala ou inspira exageradamente antes de falar.
  • Geralmente, o fluxo da fala é interrompido e isso pode causar desconforto para quem fala e para quem ouve.
Às vezes a criança adota estratégias para tentar minimizar ou esconder o problema, por exemplo:
  • Evita ou muda de palavras – a criança pode dizer “Eu esqueci-me do que ia dizer”, ou pode mudar para outra palavra quando começa a gaguejar, por exemplo, “Eu brinquei com o meu ir-ir-ir… o meu primo no sábado”.
  • Evita certas situações – por exemplo, conversar num grupo ou fazer perguntas na sala de aula.
Algumas crianças tornam-se tão hábeis a esconder o seu problema que até podem parecer fluentes, ou apenas tornam-se muito silenciosas. O que causa a gaguez? A maioria dos especialistas diria que a vulnerabilidade de uma criança para a gaguez é o resultado de uma combinação de fatores, tanto inatos como ambientais. Inato
  • A predisposição para a gaguez é, provavelmente, herdada.
  • Pode estar relacionado com o desenvolvimento da competência da fala e da linguagem da criança. Talvez haja algumas divergências nas suas competências numa determinada área em comparação com outra, ou pode ainda haver algumas (embora desconhecidas) diferenças na forma como o cérebro coordena o sistema da fala da criança.
  • A própria personalidade da criança pode afetar a maneira com que ela lida com os momentos de disfluência – algumas crianças são mais sensíveis, algumas preocupam-se mais com os erros que cometem, algumas são impacientes e querem apressar tudo à velocidade da luz e outras simplesmente não estão minimamente preocupadas.
Meio ambiente Naturalmente, as crianças estão cientes e respondem ao seu meio ambiente – a sua casa, a família, o infantário, os amigos, a escola, etc.
  • A maioria das crianças lida com um estilo de vida agitado, porém algumas acham que este ritmo de vida acelerado, esta necessidade de se adaptar rapidamente e de que a sua presença seja notada (verbalmente e não verbalmente), mais difícil do que outras.
  • A criança que está a passar por um período de gaguez, ou que é vulnerável ao problema, vai achar que é difícil ser fluente quando tenta falar rapidamente, quando participa em conversas que têm um ritmo acelerado, quando tenta igualar o seu ritmo de fala com o dos outros ou quando tenta usar frases longas e complicadas.
  • A maneira como os outros reagem à disfluência da criança, também pode fazer a diferença.
O ambiente social em que a criança está inserida não causa a gaguez, mas a fluência da criança pode ser afetada pelo que se passa ao seu redor – positiva e negativamente. Tradução livre. Stammering Centre. What is stammering? Consultado a 21 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/what-is-stammering-teachers
  Provavelmente DISFLUÊNCIAS NORMAIS Provavelmente GAGUEZ
Comportamento da fala que pode observar ·    Ocasional (menos do que uma vez a cada 10 frases), breve (menos do que ½ segundo), repetição de sons, sílabas ou palavras curtas co-como esta. Sons, sílabas ou palavras repetidas apenas uma ou duas vezes, por exemplo, ei-ei, po-po-posso. ·    Frequente (3 ou mais a cada 10 frases), longo (mais do que ½ segundo), repetição de sons, sílabas e algumas palavras curtas, co-co-co-como esta. Sons, sílabas e palavras curtas, normalmente repetidas 3 ou mais vezes, p-p-p-p-por e-e-e-exemplo. Prolongamento ocasional de sons cccccomo este, ou bloqueios.
Outro comportamento que poderá observar ·    Pausas ocasionais, hesitações no discurso ou muletas como “uh”, “er”, ou “mm” normalmente observados quando a criança está a modificar palavras ou pensamentos. ·    Repetições e prolongamentos podem estar associados com o pestanejar, cerrar os olhos, desviar o olhar e alguma tensão muscular em torno da boca. Pode ainda ouvir mudanças no tom ou no volume à medida que a criança luta para pronunciar a palavra. A criança pode ainda usar sons ou palavras extra como introdução, ex., “Bem, é assim, e-e-e-eu vou precisar de um lápis”.
Quando o problema é mais evidente ·    Tende a ir e a vir quando a criança está: cansada, agitada, a falar de um assunto complexo ou novo, a perguntar ou a responder a questões ou a falar com ouvintes passivos. ·    Poderá ir e vir em situações semelhantes, mas está mais vezes presente do que ausente. Se verificado na maioria das situações de comunicação e é consistente, o problema poderá ser mais severo.
Reação da criança ·    Aparentemente nenhuma. ·    Poderá mostrar preocupação, embaraço, frustração, receio de falar. Poderá mostrar-se relutante em participar nas atividades da aula, como apresentações, leitura em voz alta ou levantar o braço quando é feita uma pergunta.
Reação dos pares ·    Aparentemente nenhuma. ·    Os colegas poderão fazer perguntas, comentar ou imitar a maneira de falar da criança que gagueja. A provocação pode estar presente.
Reação dos pais ·    Nenhuma a muita. ·    Algum grau de preocupação.
Decisão de recomendação ·    Sem indicação. ·    Recomendação para despiste.
  Este material foi adaptado do livro Stuttering: Straight Talk for Teachers, por L. Scott, C. Guitar, K. Chmela, e W. Murphy. Tradução livre. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=149 07-05-2012
Dicas para professores de crianças do pré-escolar
  • Se acha que uma criança poderá estar a gaguejar, é muito importante falar com os pais/responsáveis em relação a esse assunto. Se todos concordarem que há motivos para estarem preocupados, a criança deverá ser encaminhada para um terapeuta da fala.
  • Se a criança parece estar ciente do problema, por exemplo, a criança está realmente a esforçar-se ou a desistir, então poderá mencionar o problema cuidadosamente (falar primeiro com os pais). Por exemplo: “Foi difícil dizer essa palavra, mas muito bem, deste o teu melhor.”
  • Evite dizer a palavra pela criança. É muito tentador ajudar a criança quando está a gaguejar, mas é melhor dar-lhe tempo para terminar a palavra sozinha.
  • Ser paciente e dar-lhe tempo ajuda-a muito.
  • Se a criança está ciente e quer falar sobre o problema, você e a criança podem ter algumas ideias úteis em conjunto. Por exemplo, é mais difícil ser fluente quando estão todos a falar ao mesmo tempo, então se souberem que cada um terá a sua vez para falar, isso ajudará a criança. Ajude a criança a sentir que não há pressa para terminar de falar ao abrandar o seu próprio ritmo de fala (isto também torná-lo-á consciente de como é difícil abrandar o nosso próprio ritmo de fala!).
  • Por favor, não diga à criança para abrandar ou respirar fundo. O primeiro é impossível e o último pode tornar-se parte do esforço que ela faz para falar.
  • Elogie a criança pelas coisas que ela faz bem. Tente não se concentrar apenas na sua fala.
  • Não faça muitas perguntas, uma após a outra. Apenas uma chega! Lembre-se de lhe dar tempo para responder.
  • Mantenha a sua linguagem simples. Isso ajudará a criança a não tentar dizer frases muito longas e complicadas, o que poderá afetar a fluência.
Inglês como língua adicional Estima-se que mais de metade da população mundial é bilingue e cerca de 5% das crianças começam a gaguejar. Muitas crianças que gaguejam estarão, portanto, a aprender a falar mais do que um idioma. No entanto, ser bilingue não causa a gaguez e muitas crianças aprendem duas línguas e não gaguejam. Para as crianças que gaguejam, aprender duas línguas ao mesmo tempo pode ser difícil de gerir e pode ter impacto na sua fluência. O conselho geral para apoiar as crianças que gaguejam e que estão a aprender mais do que uma língua é muito semelhante às sugestões acima descritas. É importante considerar as competências linguísticas da criança e há quanto tempo está a aprender inglês, para saber o que pode esperar da criança. As crianças que estão atrasadas no desenvolvimento da sua linguagem beneficiarão de mais tempo para planear e organizar o que querem dizer e para pensarem no vocabulário de que precisam. Para mais sugestões de como pode ajudar crianças bilingues que gaguejam vá à secção “Pais” e leia o texto “Conselhos”. Tradução livre. Stammering Centre. Younger child. Consultado a 22 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/the-younger-child
Dicas para professores do Ensino Básico
  • Algumas das dicas para as crianças do pré-escolar também são adequadas para esta faixa etária – falar com sensibilidade com os pais, encaminhar para um terapeuta da fala ou caso a criança já esteja a ser seguida por um terapeuta, entrar em contacto com ele.
  • Converse com a criança; se é evidente que a criança está ciente da sua gaguez, então será apropriado (com a permissão dos pais) falar à parte com a criança sobre isso. Descubra se há coisas que a criança quer fazer mais vezes, mas que precisa de um pouco de apoio, ou se há coisas que estão a preocupá-la, por exemplo, transmitir mensagens a outro professor ou participar numa conversa de grupo.
  • Tente ser flexível nos exercícios orais. Rotinas como responder à chamada oral podem ser um pesadelo para a criança que gagueja – há outra maneira? Por exemplo, em vez de todos responderem oralmente, levantam a mão. Este é um bom tema para falar na sua sessão de 1:1, o texto “sugestões” são um excelente ponto de partida.
  • A leitura aos pares pode ser uma boa prática e, muitas vezes, resulta também numa leitura mais fluente.
  • A antecipação na leitura em voz alta pode ser especialmente difícil. Dá tempo para a ansiedade aumentar quando há uma rotina fixa (por exemplo, fila a fila ou por ordem alfabética).
  • Escolher aleatoriamente ou ser dos primeiros pode ajudar – novamente, o ideal será falar e verificar com a criança antecipadamente.
  • Sensibilize todos os funcionários da escola.
  • Não aconselhe a criança a respirar fundo ou a abrandar. Provavelmente não vai ajudar por mais do que uns instantes.
  • Não termine as palavras pela criança – pode aumentar a ansiedade e a tensão.
  • Reduza a pressão de falar rapidamente.
  • Lide com o bullying e os insultos imediatamente – estes tornam a gaguez muito pior.
  • Lide com o comportamento indelicado – por exemplo, imitações e risos irónicos.
  • Elogie-os pelas coisas que fazem bem, por exemplo, saber ouvir, ser educado, cooperar na arrumação, etc.
Inglês como língua adicional Estima-se que mais de metade da população mundial é bilingue e cerca de 5% das crianças começam a gaguejar. Muitas crianças que gaguejam estarão, portanto, a aprender a falar mais do que um idioma. No entanto, ser bilingue não causa a gaguez e muitas crianças aprendem duas línguas e não gaguejam. Para as crianças que gaguejam, aprender duas línguas ao mesmo tempo pode ser difícil de gerir e pode ter impacto na sua fluência. O conselho geral para apoiar as crianças que gaguejam e que estão a aprender mais do que uma língua é muito semelhante às sugestões acima descritas. É importante considerar as competências linguísticas da criança e há quanto tempo está a aprender inglês, para saber o que pode esperar da criança. As crianças que estão atrasadas no desenvolvimento da sua linguagem beneficiarão de mais tempo para planear e organizar o que querem dizer e para pensarem no vocabulário de que precisam. Para mais sugestões de como pode ajudar crianças bilingues que gaguejam vá à secção “Pais” e leia o texto “Conselhos”. Tradução livre. Stammering Centre. Primary school child. Consultado a 23 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/the-primary-school-child
Dicas para professores de alunos do secundário
  • Falar com o aluno a sós de modo a reconhecer o problema e falar sobre as estratégias alternativas que podem ser úteis para reduzir a pressão que o aluno sente em áreas como debates e apresentações.
  • Tente ser flexível nos exercícios/exames orais – existem alternativas? Será que tem de ser dado um tempo limite ao exercício? Será que tem de ser em frente a um grande grupo?
  • Encaminhe o aluno para um terapeuta da fala, se necessário/solicitado.
  • Dê oportunidades e tempo para falar.
  • Tente manter o mesmo contacto visual que manteria com um aluno fluente.
  • Fale calmamente e tente parecer à vontade, em vez de apressado.
  • Resista à tentação de adivinhar a palavra ou de terminar a frase.
  • Oiça o que o aluno está a dizer e não a maneira como está a dizer.
  • Partilhe informações com os outros docentes, especialmente quando o aluno transita para uma nova turma.
  • Mantenha também os professores substitutos informados.
  • Contacte o terapeuta da fala do aluno para falar sobre preocupações e maneiras de gerir a gaguez na sala de aula.
Tradução livre. Stammering Centre. Secondary school child. Consultado a 25 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/the-secondary-school-child
Folhas de sugestões Visão geral Estas folhas dar-lhe-ão uma série de sugestões que cobrem diferentes aspetos para apoiar o aluno que gagueja. As ideias provêm de um estudo destinado a recolher as opiniões dos alunos que gaguejam, dos seus pais e dos funcionários da escola. No entanto, cada aluno responderá à sua maneira e o nível de apoio de que precisa pode variar ao longo do tempo. Idealmente, será utilizado como base para os docentes e os alunos que gaguejam discutirem sobre soluções concretas para problemas em particular. Envolver o terapeuta da fala nesta discussão é, também, uma boa ideia. Conteúdos
  1. Perguntas Mais Frequentes (inclui informações gerais sobre a gaguez)
  2. Como responder a um aluno que gagueja
  3. Apoiar, na sala de aula, o aluno que gagueja
  4. Apoiar, na sala de aula, o aluno que gagueja: situações difíceis
  5. Lidar com os insultos e o bullying que as crianças que gaguejam sofrem
  6. Ligação
  7. Folha de planeamento do aluno (para registar que tipo de apoio o seu aluno quer)

1. Perguntas Mais Frequentes

1. O que é a gaguez? O que não é gaguez? A gaguez pode assumir muitas formas. Estas são as características mais comuns:
  • Repetição da palavra completa, por exemplo: “Eu, eu, eu depois fui embora”.
  • Repetição de sons individuais, por exemplo: “V-v-vem a-a-aqui.”.
  • Prolongamento de sons, por exemplo: “ssssssseis chocolates”.
  • Bloqueio de sons, a boca está na posição, mas nenhum som sai.
  • Tensão facial – nos músculos em torno dos olhos, nariz, lábios e pescoço.
  • Movimentos extra do corpo, por exemplo, bater com o pé, bater com os dedos.
  • A respiração pode ser interrompida, por exemplo, a criança pode prender a respiração enquanto fala ou inspira exageradamente antes de falar.
Às vezes a pessoa que gagueja adota estratégias para tentar minimizar ou esconder o problema, por exemplo, ao evitar ou mudar de palavras – pode dizer “Eu esqueci-me do que ia dizer”, ou pode mudar para outra palavra quando começa a gaguejar, por exemplo, “Eu brinquei com o meu ir-ir-ir… o meu primo no sábado”. Também pode evitar certas situações – por exemplo, conversar num grupo ou fazer perguntas na sala de aula. As hesitações podem ser uma característica normal da fala. Repetição de frases, recomeçar e usar “hmm” e “hê” normalmente não são considerados comportamentos da gaguez. 2. Quantas pessoas gaguejam? Um por cento da população adulta gagueja. Cinco por cento das pessoas já terão gaguejado em algum momento da sua vida, o que mostra que muitas crianças superam a gaguez com a alguma ajuda especializada. A gaguez é mais comum nos meninos do que nas meninas. 3. O que causa a gaguez? Pensa-se que a gaguez é causada por uma ligeira diferença na forma como as ligações no cérebro são feitas. Nas crianças pequenas, estas ligações ainda estão a ser formadas, o que pode ser o motivo pelo qual muitas crianças superam a gaguez. Esta é provavelmente uma condição hereditária. Cerca de 80 por cento das crianças que gaguejam têm um membro da família que também gagueja. Outros fatores podem contribuir para o aparecimento e desenvolvimento da gaguez, tais como as competências da fala e da linguagem da criança e os fatores emocionais, por exemplo, se a criança é muito sensível ou ansiosa. Aspetos do meio ambiente em que a criança está inserida também podem afetar a fluência. 4. Quando é devo ficar preocupado com a fluência de uma criança? Muitas crianças passam por uma fase de não-fluência, particularmente durante a fase de aprendizagem da língua. Se a criança já gagueja há mais de um ano, a gaguez não está a melhorar, há um familiar adulto que gagueja, ou se é um menino, é provável que a criança continue a gaguejar, e é melhor procurar ajuda. De qualquer maneira, se a criança ou os pais estão preocupados em relação à gaguez, deveriam ser encorajados a procurar ajuda. 5. Existe cura? A intervenção precoce com crianças mais novas tem sido a mais eficaz. A terapia para crianças mais velhas e adolescentes tem como objetivo reduzir o impacto da gaguez sobre a vida dos jovens, ajudando-os a encontrar estratégias para controlar a gaguez através do aumento da confiança e ajudando-os a gerir os seus pensamentos e sentimentos em relação a si mesmos e da sua gaguez. 6. Que situações fazem com que as pessoas gaguejem mais e porquê? A gaguez pode ser muito variável e pode haver períodos de fluência. Existem algumas situações que as pessoas que gaguejam geralmente acham mais desafiadoras e outras mais fáceis. No entanto, cada pessoa é um ser individual e não há regras rigorosas. As pessoas que gaguejam podem ser mais fluentes quando se sentem calmas e sem pressas com pessoas que as conhecem e sabem que gaguejam. Normalmente conseguem cantar sem gaguejar. Podem gaguejar mais em situações stressantes, como falar com estranhos ou figuras de autoridade, ou falar num grupo. Costumam achar que situações como apresentações na sala de aula ou debates mais desafiadoras e pode ser muito difícil para muitas delas serem colocadas em situações como ler em voz alta. 7.1. Como devemos reagir quando alguém gagueja? Deve reagir tão “normalmente” quanto possível. Continue a ouvir a pessoa, a estar interessado no que ela tem a dizer, mantenha contacto visual (sem olhar fixamente) e dê-lhe tempo para terminar. 7.2. O que não fazer? Para as pessoas que gaguejam não é útil aconselhá-las no que diz respeito ao seu discurso, uma vez que normalmente sabem o que devem fazer, mas podem estar a ter dificuldade em fazê-lo. Costumam pedir que lhes seja dado tempo para terminarem sozinhas e, normalmente, não gostam que terminem as frases por elas. Preferem que não lhes seja dito que se apressem, abrandem, ou que respirem fundo. 8. Será que devemos permitir que os alunos que gaguejam não façam coisas que considerem difíceis? Embora queiramos que os alunos participem e que não deixem que a sua gaguez os retenha, eles podem precisar de apoio para fortalecerem a sua confiança para fazerem isso. Será útil ter uma conversa com o aluno e perguntar-lhe como deve reagir à gaguez e como deve gerir as situações de fala que ele acha difíceis. 9. Que tipo de ajuda está disponível? O terapeuta da fala da área de residência do aluno deve ser capaz de ajudar.

2. Como responder a um aluno que gagueja

Poderá querer usar uma série de perguntas para descobrir o que o aluno gostaria que você fizesse:
  • O que achas que pode ser útil no momento em que estás a gaguejar?
  • O que não é útil?
  • O que gostarias que eu fizesse ou dissesse quando estás a gaguejar?
É importante verificar estas ideias de tempos a tempos. “Eu gostaria que os meus professores soubessem o que provoca a gaguez e o que sinto quando gaguejo.”
  • As crianças são os especialistas da sua própria gaguez. É muito melhor fazer perguntas sobre a gaguez do que ocultar uma falta de compreensão. “O que eu realmente gostava que os meus professores fizessem era que viessem ter comigo e tivéssemos uma pequena conversa.”
  • Enquanto o aluno estiver a falar mantenha contacto visual e tente concentrar-se apenas no que ele está a dizer, em vez de se concentrar na maneira como está a dizer. Enquanto espera que o aluno termine tente parecer relaxado e certifique-se de que a sua linguagem corporal não está a transmitir ao aluno um sinal para ele se apressar. “Os professores ajudam porque olham para mim quando estou a falar.”
  • Se necessário, poderá tranquilizar o aluno, mas evite dizer-lhe o que fazer (por exemplo, para, abranda, respira, apressa-te) porque tende a aumentar a pressão sobre ele. “Dizem-me para “abrandar” e coisas assim e eu, realmente, não gosto que me digam para abrandar, porque acho que, de qualquer maneira, já falo devagar.” “Às vezes tentam ajudar-me de uma maneira má, como: despacha-te a dizer a tua frase.”
  • Você pode abrandar o seu próprio ritmo de fala, ou fazer uma pausa para pensar, para dar um exemplo útil ao aluno.
  • Se o aluno quiser, você pode, gentilmente, reconhecer o problema, por exemplo, “vi que foi difícil para ti, mas continuaste”, mas não faça disso um grande problema.
  • Incentive ou elogie o aluno que gagueja (não necessariamente apenas em relação à sua fala), mas não o trate de uma maneira que é obviamente diferente da dos seus pares.

3. Apoiar, na sala de aula, o aluno que gagueja

Segue-se uma lista de maneiras de como apoiar um aluno que gagueja na sala de aula:
  • Dê ao aluno que gagueja muito tempo para responder/falar/ler. “O meu amigo, que realmente se preocupa com a minha gaguez, lembra-se sempre de me dar tempo.”
  • Incentive os alunos a fazerem pausas para pensar antes de falarem.
  • Dê o exemplo, fale de maneira relaxada e lenta e estabeleça um ambiente calmo na sala de aula.
  • Certifique-se de que os alunos falam à vez.
  • Certifique-se de que os alunos colocam a mão para baixo quando alguém está a falar, ouvem o que está a ser dito e não interrompem ou fazem comentários enquanto os outros estão a falar.
  • Pode ser mais fácil para o aluno que gagueja que seja ele a indicar quando está pronto para falar. Pode querer voluntariar-se ou pode preferir que seja você a escolhê-lo.
  • Avançar fila a fila pode acrescentar pressão, tal como falar no final da aula quando os colegas já estão ansiosos para sair. Deixar os alunos que gaguejam serem os primeiros a falar ou selecionar os alunos aleatoriamente pode ajudar.
  • Encoraje todos a contribuírem na aula. Uma hierarquia para a leitura/tarefas que implicam falar pode ajudar aqueles que gaguejam a se sentirem capazes de contribuir. Comece com contribuições de fala curtas com um público pequeno ou de caras conhecidas, se necessário permita que os alunos leiam/respondam em uníssono. De seguida, aumente a duração das contribuições e/ou o tamanho ou familiaridade do público. “Não perguntar-lhes nada, na minha opinião, é isolá-los um pouco” “Eu sempre reparei que os professores costumavam dar-me parágrafos mais curtos, o que foi bom da parte deles, porque lentamente ajudaram-me a construir a minha confiança.”
  • Esteja ciente de que às vezes os alunos que gaguejam escondem a sua dificuldade não contribuindo, fingindo não saber ou pedindo para ser dispensado.
  • Os alunos que gaguejam terão as mesmas ambições como os seus pares, por isso, se eles quiserem participar numa atividade, por exemplo, uma peça de teatro ou uma apresentação, não deixe que os outros os impeçam.
  • Como a gaguez pode ser variável, em alguns dias o aluno pode não querer falar. Isso é algo a negociar em vez de ser incentivado a longo prazo.

4. Apoiar, na sala de aula, o aluno que gagueja: situações difíceis

1. Responder à chamada Permita uma série de respostas, tais como: “sim”, “aqui”, “presente”, etc. Os alunos podem responder colocando a mão no ar. Chame pelo aluno que gagueja mais cedo do que mais tarde. 2. Ler em voz alta na sala de aula Ler em uníssono com outro aluno geralmente ajuda o aluno que gagueja. Para ler aos pares escolha um parceiro que seja descontraído e paciente. Pode ajudar informar previamente o aluno que parte é que ele vai ler para que tenha tempo de praticar, no entanto, isso pode tornar alguns alunos mais ansiosos. 3. Responder a perguntas na sala de aula Dê ao aluno que gagueja a possibilidade de lhe dizer se sabe ou não a resposta. Esteja atento aos bloqueios silenciosos (quando um aluno está a gaguejar, mas nenhum som sai). Faça uma pergunta de cada vez, ao invés de várias ao mesmo tempo. O aluno que gagueja pode preferir voluntariar-se quando quer responder a uma pergunta, em vez de lhe fazerem a pergunta diretamente. 4. Debates na sala de aula Incentive o aluno que gagueja a participar nos debates. Grupos pequenos ou a pares poderá ser mais fácil do que um debate com toda a turma. Combine um sinal para que os alunos o façam quando estiverem prontos para contribuir. 5. Apresentações orais Poderá ser mais fácil se a apresentação for feita para um grupo mais pequeno. Dê muitas oportunidades para praticarem. Fale sobre a apresentação com o aluno que gagueja em particular para que ele se sinta apoiado. 6. Exames orais Informe-se sobre o tempo extra para os alunos que gaguejam, como a ansiedade de fazer um exame oral afeta, muitas vezes, a fluência. O tempo extra pode ser considerado pela comissão de exames quando é apoiado por uma carta do terapeuta da fala. Fale com o aluno que gagueja em particular para que ele se sinta apoiado e dê-lhe muitas oportunidades para praticar. 5. Lidar com os insultos e o bullying que as crianças que gaguejam sofrem Muitos alunos sofrem com os insultos ou bullying e dizem-nos que se deparam com reações negativas, como o riso, quando eles gaguejam. Podem também sentirem-se mais isolados. As formas relatadas mais comuns de bullying são chamar nomes e imitar a gaguez. Reações mais subtis, tais como fazer caretas ou rir quando um colega gagueja também podem ser igualmente difíceis.
  • Os professores podem precisar de perguntar aos alunos o que é que está a acontecer dentro e fora da sala de aula.
  • Esteja atento aos momentos em que podem acontecer os insultos, por exemplo, ao pequeno-almoço e ao almoço e esteja atento aos indícios de bullying. Peça aos outros funcionários que lhe
  • relatem estas situações o mais rapidamente possível. Mesmo os comentários que são ditos despreocupadamente podem ser perturbadores para alguns alunos que gaguejam. “Se alguém me perguntar o nome, eu demorar muito tempo a conseguir dizê-lo e essa pessoa me disser “esqueceste-te?”, mesmo que seja a brincar eu posso ficar um pouco chateado por causa da minha gaguez.”
  • Ajuda se demonstrarmos que somos todos diferentes e se os professores explicarem aos outros alunos o que é a gaguez, visto que isso pode reduzir o bullying das crianças que gaguejam. O aluno poderá querer ajudar a contar aos colegas o que é a gaguez. “Sou ligeiramente diferente das outras pessoas, porque eu gaguejo, mas toda a gente é diferente à sua maneira.”
  • Você pode ajudar o seu aluno a encontrar maneiras de responder às pessoas que o insultam. Toda a turma, em conjunto, pode encontrar soluções para este problema. “Quando eu estava na escola primária, lembro-me que alguém estava a gozar comigo e eu não sabia bem o que fazer. Agora, se me perguntarem porque falo assim eu acho que o melhor é responder, porque assim ficam a saber e se eu continuar a gaguejar já vão saber como lidar com isso.”
  • Elogiar, encorajar e dramatização podem aumentar a autoestima e a assertividade, o que pode ajudar o aluno a lidar com os insultos e o bullying. Se o aluno parece estar socialmente isolado, considere onde ele se senta na sala de aula. Considere ter uma “equipa do recreio” composta por alunos responsáveis e cuidadosos, que incluirão os alunos mais vulneráveis nos jogos. “Era difícil fazer amigos, por causa da maneira como falava.”

6. Ligação

A ligação entre os pais dos alunos que gaguejam, os docentes e funcionários da escola e o terapeuta da fala é vital para garantir uma abordagem coerente. É importante que se reúnam regularmente para que se mantenham atualizados com o progresso do aluno e do nível de apoio necessário nesse momento.
  • É útil que o professor se encontre com o terapeuta da fala e com os pais do aluno para se certificar de que na escola, em casa e na terapia estão todos a trabalhar nos mesmos moldes.
  • Os alunos que gaguejam podem ter um desempenho abaixo do esperado na escola, especialmente se não estão dispostos a pedir ajuda ou a participar nas aulas. O seu progresso deve ser cuidadosamente monitorizado e discutido com os pais. “Eu não falei com a minha professora sobre a minha gaguez, porque eu também estou com medo.”
  • Os pais podem querer discutir sobre a integração social da criança na escola.
Lembre-se de falar com o aluno, como, provavelmente, ele é que saberá o que precisa. A “folha de planeamento do aluno” é uma boa base para a sua discussão. Se o aluno não está a ter terapia da fala e você (ou ele) está preocupado com a sua gaguez, deve encaminhá-lo para um terapeuta da fala (com a autorização dos pais). “Eu acho que a terapia da fala é muito importante porque me ajuda a sentir melhor.”

7. Folha de Planeamento do Aluno

Formas de como eu gostaria de ser apoiado na escola Nome do aluno: ____________________________________________________ Ano: _____________________________________________________________ Como responder quando eu gaguejo _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Ler em voz alta na sala de aula _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Responder a perguntas na sala de aula _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Debates e apresentações orais na sala de aula _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Exames orais _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Lidar com os insultos e o bullying _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Reuniões entre a minha escola, os meus pais e o meu terapeuta da fala _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ Acordado pelo aluno: __________________ Professor: ____________________ Concordado em: ______________________ Revisto em: ___________________ Por favor, comunicar a: ______________________________________________ Tradução livre. Stammering Centre. Suggestions sheets. Consultado a 25 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/files/SUGGESTIONS%20SHEETS.pdf
Professor, Você foi convidado a ler este texto porque tem uma criança que gagueja na sua turma. A gaguez altera-se de momento a momento e é diferente em cada criança. Tornando-se em algo que é difícil de lidar. Possivelmente, a gaguez desta criança em particular não o incomoda, nem incomoda qualquer uma das outras crianças. No entanto, também é possível que as outras crianças reajam à gaguez e que você nem sempre saiba qual a melhor maneira de lidar com o problema. Geralmente os professores têm muitas perguntas…
  • Posso ajudar de alguma maneira?
  • Devo pedir que a criança leia em voz alta?
  • Devo falar sobre gaguez com as crianças?
  • Devo discutir sobre o assunto com toda a turma?
  • Devo ignorar a gaguez?
  • Devo olhar diretamente para a criança quando ela está a gaguejar ou devo desviar o olhar?
Todas estas questões são legítimas. As respostas são diferentes para cada criança que gagueja. Pode começar por perguntar se a criança tem terapia da fala, se sim, contacte o terapeuta para se informar do que pode e do que deve fazer. É possível, muitas vezes, fazer um plano pelo qual a criança é ajudada a lidar com situações escolares. A maioria das crianças detesta ser posta de parte, de ser rotulada como diferente dos outros. Então, certifique-se que a criança que gagueja não recebe tratamento especial ou é excluída de alguma atividade da aula. Se a gaguez é severa, é aconselhável falar com a criança à parte e abordar a questão abertamente. Algumas crianças vão apreciar este gesto e sentir-se aliviadas. Outras vão recusar discutir o problema. É melhor respeitar e não forçar a criança. A gaguez é tão difícil para a criança como é para si, bem, provavelmente mais difícil. Então a criança precisa de todo o apoio emocional que puder obter. Você pode ajudar a criança aceitando-a tal como ela é, e por ser amável e compreensivo. Não terá de mostrar estas atitudes abertamente, a criança estará ciente disso e sentir-se-á mais segura. Obrigado pela sua ajuda.   Excerto adaptado de Sometimes I Just Stutter, por Eelco de Gues. Tradução livre do folheto “Dear Teacher” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=76
Crianças que gaguejam O material deste folheto foi atualizado pela Doutora Lisa Scott Por vezes os professores sentem dificuldade em saber o que fazer com uma criança que gagueja. Por exemplo:
  • O aluno que gagueja deve fazer relatos orais, ler em voz alta ou responder a questões?
  • Devo falar com o aluno sobre o seu modo de falar ou devo ignorar?
  • O que devo fazer se os outros alunos o provocarem?
Estas são apenas algumas das perguntas frequentemente feitas por professores. Pré-escola e jardim-de-infância Todas as crianças nesta faixa etária estão ocupadas a aprender a falar. Como tal, cometem erros de locução. Chamamos a estes “erros” disfluências. Algumas crianças têm mais do que outras, e isso é normal. No entanto, algumas crianças têm muitas disfluências – particularmente repetições e prolongamentos de sons. Estes são bastante percetíveis aos ouvintes. Se está preocupado por poder haver um problema de gaguez a desenvolver-se com uma das suas crianças, não dê atenção especial à criança neste momento. Em vez disso, fale com um terapeuta da fala e peça-lhe sugestões. Além disso, fale com os pais para saber que opinião têm sobre o problema e, por sua vez, você ficar a saber se este é um comportamento de locução típico da criança. Na maioria dos casos, se os pais, os professores e outros ouvirem e responderem à criança de um modo calmo, o discurso da criança volta ao normal, assim como também melhorarão as suas capacidades de linguagem e o seu rendimento escolar. No entanto, se a criança continuar a ter disfluências você poderá pedir a um terapeuta da fala que o observe. 1º Ciclo do Ensino Básico Há crianças nesta faixa etária que não só repetem e prolongam sons marcadamente, como também lutam e ficam tensos e frustrados devido aos seus esforços para falar. Elas precisam de ajuda. Sem ajuda este problema de gaguez poderá afetar negativamente o desempenho escolar. Tal como foi sugerido em relação às crianças do pré-escolar, consulte um terapeuta da fala e os pais da criança e fale com eles sobre o que tem observado. Se você, os pais e o terapeuta da fala concordarem que as disfluências da criança são diferentes das disfluências das outras crianças, vocês poderão decidir, em conjunto, avaliar a criança em relação à gaguez. A grande preocupação da maioria dos professores é a reação da criança em relação à gaguez na sala de aula. Como deve ser a participação da criança na sala de aula? A resposta a esta pergunta depende da criança em questão. Num lado temos uma criança muito despreocupada e feliz ao participar na aula como qualquer outra criança; do outro lado temos uma criança que chora e que se recusa a falar. A maioria está algures entre estes dois extremos. Se a criança está a ser vista por um terapeuta da fala, procure saber a opinião do terapeuta sobre que expetativas deve esperar. Além disso, pergunte à criança como é que gostaria de participar na aula. Fale com a criança: mostre que a apoia Normalmente é aconselhável que você fale com a criança em privado. Explique-lhe que quando falamos – tal como quando aprendemos outras competências – às vezes cometemos erros. Repetimos sons e “emaranhamo-nos” nas palavras. Com a prática podemos melhorar. Diga-lhe que a gaguez não o incomoda. Ao falar com a criança desta maneira, você ajuda-a a perceber que está ciente da sua gaguez e que a aceita – e à criança também. Na sala de aula
  • Quando coloca questões à turma, poderá fazê-lo de maneira a tornar mais fácil a participação da criança gaga.
  • Inicialmente, até que a criança se adapte à aula, faça-lhe perguntas que possam ser respondidas com poucas palavras.
  • Se vai fazer uma pergunta a cada criança, faça-a logo (ou o mais cedo possível) à criança que gagueja. A tensão ou preocupação podem aumentar à medida que a criança espera pela sua vez.
  • Garanta a toda a turma que (1) vão ter todo o tempo que precisarem para responder à questão e (2) você quer que eles tenham tempo e que pensem na resposta que vão dar e não que respondam apressadamente.
Ler em voz alta na aula Muitas crianças que gaguejam são capazes de lidar satisfatoriamente com atividades de leitura oral, principalmente se forem encorajados a praticar em casa. No entanto, haverá algumas crianças que gaguejarão severamente enquanto leem em voz alta na sala de aula. As sugestões seguintes poderão ajudar estas crianças. A maioria das crianças que gagueja são fluentes quando leem em uníssono com outra pessoa. Em vez de não chamar a criança que gagueja, deixe-a ter a sua vez com uma das outras crianças. De vez em quando deixe que toda a turma leia aos pares para que a criança que gagueja não se sinta “especial”. Gradualmente pode ser que a criança seja capaz de ler em voz alta sozinha. Provocação
  • A provocação pode ser muito dolorosa para o aluno que gagueja e deve ser eliminada tanto quanto possível.
  • Se a criança foi provocada fale com ela. Ajude-a a perceber porquê que os outros a provocam e debatam ideias sobre como responder às provocações.
  • Se algum aluno provocar a criança gaga fale com ele em privado e explique-lhe que é inaceitável provocar os outros.
  • Tente conseguir a ajuda das outras crianças. A maioria delas quer a aprovação do professor.
  • Se o problema persistir você poderá consultar um assistente social, se houver algum disponível na sua escola. Normalmente têm boas sugestões sobre como resolver as provocações.
Terapia da fala Caso não saiba se a sua escola tem um terapeuta da fala, pergunte ao diretor. Além disso sugira aos pais que procurem um terapeuta que seja especialista em gaguez. Referimos aqui alguns pontos gerais. Tenha sempre em mente que cada criança é diferente e o seu apoio vai fazer uma grande diferença. Dicas para falar com uma criança que gagueja…
  1. Não diga à criança para falar com mais calma ou para “relaxar”.
  2. Não complete palavras pela criança ou fale por ela.
  3. Ensine todos os alunos a falar apenas na sua vez e a saber ouvir. Todas as crianças – especialmente as que gaguejam – acham que é muito mais fácil falar quando há poucas interrupções e quando têm a atenção do ouvinte.
  4. Espere a mesma quantidade e qualidade do aluno que gagueja, tal como dos que não gaguejam.
  5. Fale com o aluno de uma maneira calma e sem pressa, e faça pausas com frequência.
  6. Mostre que está apenas a ouvir o conteúdo da mensagem e não a maneira como é dito.
  7. Tenha uma conversa com o aluno que gagueja sobre as suas necessidades na sala de aula. Respeite as necessidades do aluno, mas não seja demasiado permissivo.
  8. Não faça da gaguez algo com que nos devemos envergonhar. Fale sobre a gaguez como fala de outro assunto qualquer.
  Tradução livre do folheto “Notes to the Teacher ” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=39  
O que devo fazer quando uma criança gagueja na sala de aula? A atitude mais importante a ter quando alguém gagueja é sermos nós próprios bons comunicadores.
  • Mantenha o contacto visual e dê tempo suficiente à criança para que esta termine o que está a dizer.
  • Tente não completar palavras ou frases.
  • Deixe que a criança perceba pela sua maneira de estar e pelas suas ações que está apenas a ouvir o que ele diz e não a maneira como diz.
  • Espere dois segundos antes de responder à criança. Faça mais pausas enquanto fala para ajudar a reduzir a pressão do discurso.
Estas sugestões beneficiarão todas as crianças da sua sala. Tente não fazer comentários como “abranda”, “respira fundo”, “relaxa” ou “pensa primeiro no que vais dizer”. É costume fazer este tipo de comentários porque, abrandar, relaxar ou pensar no que vamos dizer ajuda-nos quando sentimos que estamos a tropeçar nas palavras. No entanto, a gaguez é um problema da fala diferente e este tipo de conselhos não ajuda as crianças que gaguejam. Devo lembrar a criança para usar as técnicas de terapia para a gaguez na sala de aula? É melhor não o fazer, a não ser que o terapeuta da fala tenha pedido. Durante a terapia, as crianças que gaguejam aprendem várias técnicas diferentes, às vezes chamadas de ferramentas da fala, para gerirem a sua gaguez. Contudo, aprender a usar estas ferramentas da fala em situações diferentes (por exemplo, na sala de aula, em casa, com os amigos vs. na sala de terapia) leva um tempo e prática considerável. Muitas crianças que gaguejam não têm maturidade ou capacidade suficiente para controlar o seu discurso em todas as situações. Portanto, pode ser irrealista esperar que a criança use as ferramentas da fala na sala de aula. O que devo fazer quando a criança está a ter um dia difícil no que diz respeito à fala? O melhor será falar com a criança para saber o que é que ela gostava de fazer nos dias em que é mais difícil falar. As crianças que gaguejam variam muito na maneira como querem que os seus professores e pares respondam quando estão a ter um momento em que sentem mais dificuldade ao falar. Por um lado, algumas crianças podem preferir que o professor as trate da mesma maneira como as trata num dia normal, chamando-o espontaneamente ou pedindo-lhe que leia em voz alta. Por outro lado, podem preferir que o professor reduza temporariamente as suas expectativas em relação à participação oral, chamando-lhe apenas se a sua mão estiver levantada ou permitir que o aluno não leia durante as atividades de leitura da turma. O que devo fazer quando uma criança que gagueja interrompe outra criança? Lide com as interrupções da mesma maneira que faria com uma criança que não gaguejasse. Às vezes as crianças que gaguejam interrompem os outros porque é mais fácil começar a falar enquanto os outros já o estão a fazer. Não sabemos ao certo porquê que é mais fácil interromper os outros, talvez a criança sinta que chama menos atenção no início do seu discurso, visto que é nesta altura em que é mais provável que gagueje. Embora seja mais fácil para a criança iniciar o seu discurso interrompendo os outros, também é importante que aprenda regras para uma boa comunicação, tal como os restantes alunos. Como posso tornar as atividades de leitura em voz alta mais fáceis para a criança que gagueja? Há muitas coisas que pode fazer para tornar a leitura em voz alta uma experiência positiva para a criança que gagueja. Juntos, você e a criança, podem desenvolver um plano, considerando fatores como:
  • Ordem – se a criança quer ser uma das primeiras a ler ou a apresentar um trabalho, uma das últimas ou então no meio;
  • Prática – praticar ajudará a criança a sentir-se mais confortável. Pode praticar em casa, com um amigo, ou numa sessão de terapia da fala;
  • Tamanho da audiência – quer faça uma apresentação oral em privado, a um grupo pequeno ou em frente de uma turma inteira;
  • Outras questões – se os critérios de avaliação devem ser modificados por causa da gaguez.
Devo falar com a turma sobre gaguez? Depende da criança que gagueja. Algumas crianças não se importam que o professor fale sobre gaguez com os seus colegas. Outras, no entanto, sentem que a gaguez é um assunto privado e que não deve ser discutido abertamente com todas as crianças da turma. Por vezes as crianças que gaguejam fazem apresentações sobre gaguez para a turma. Esta apresentação permite que a criança ensine aos seus colegas factos sobre a gaguez, nomes de pessoas famosas que gaguejam, sugestões de como reagir quando o colega está a gaguejar e ainda ensinar diferentes maneiras de gaguejar. Um dos benefícios que foram observados quando uma criança que gagueja faz uma apresentação à turma sobre a gaguez é a redução da provocação. Quando os colegas conhecem o problema, estão menos propensos a ridicularizar ou provocar a criança que gagueja. Este exercício não é apropriado a todas as crianças que gaguejam, visto que algumas podem ainda não estar preparadas para falar abertamente sobre a gaguez. Fazer uma apresentação sobre a gaguez é um dos componentes da terapia da gaguez e normalmente é feita perante a turma e em conjunto com o terapeuta da fala. Se tem dúvidas se a criança está preparada para dar este tipo de apresentação, consulte o terapeuta da fala. Como devo lidar com a provocação? Lide com a provocação da mesma maneira que lidaria se a provocação fosse com outra criança qualquer. Ser provocado é uma experiência comum a muitas crianças, não apenas aquelas que gaguejam. Tal como foi mencionado anteriormente, as apresentações na sala de aula podem ser uma maneira poderosa de reduzir as provocações, caso a criança esteja preparada para o fazer. O que posso fazer para encorajar a criança a falar na sala de aula? A melhor maneira de encorajar uma criança que gagueja a falar é mostrar-lhe através de palavras e ações que o mais importante é o que ela diz e não a maneira como diz. Outras maneiras de encorajar a criança:
  • Elogie a criança por partilhar ideias;
  • Mostre à criança que a gaguez não o incomoda;
  • Dê à criança oportunidades para falar, tal como pedir-lhe que responda a uma pergunta ou pedindo-lhe a sua opinião;
  • Mostre-lhe que não há problema nenhum em gaguejar.
Você poderá ter outras questões sobre a gaguez, ou sobre a criança que gagueja, ou ainda o que dizer aos pais das crianças que gaguejam.   Este material foi adaptado do livro Stuttering: Straight Talk for Teachers, por L. Scott, C. Guitar, K. Chmela, e W. Murphy. Tradução livre do folheto “FAQs for Teachers” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=137
Sobre nós
  • Somos muito mais do que apenas a nossa gaguez. “Eu não acho que a gaguez seja a minha principal particularidade ou característica, sou apenas um jovem normal de 18 anos.”; “Quem gagueja deve ser tratado como todas as outras pessoas.”
  • Não há nenhuma ligação entre a gaguez e a inteligência. “Normalmente as pessoas julgam consoante a primeira impressão e se a primeira coisa que fazes é falar de uma maneira esquisita as pessoas, às vezes, pensam que não és muito inteligente.”
  • Certas situações fazem-nos gaguejar mais. Muitos de nós achamos que é mais difícil quando estamos sob pressão. “Nem sempre é fácil quando estou sob pressão.”; “… isso faz-me sentir mais desconfortável e, depois, faz com que, normalmente, gagueje mais.”
Como ajudar
  • Dêem-nos tempo para pensar e falar. “Um bom professor não interrompe o que eu estou a dizer. Dá-me tempo para falar.”; “Depois de me ser feita a pergunta, se me derem tempo para começar a pensar na resposta e no meu discurso seria muito útil, porque eu poderia pensar em algumas técnicas de fala.”
  • Deixem-nos terminar as nossas frases no nosso próprio tempo. “As pessoas, em geral, vão tentar terminar as frases por ti. Provavelmente pensam que ajuda, mas a maioria das pessoas que gaguejam preferem saber que conseguem terminar as suas próprias frases.”
  • Diga-nos que estamos a ir bem e acalme-nos se necessário, mas não nos aconselhe em relação à nossa fala. “Eu realmente não gosto que me digam para abrandar.”; “As pessoas dizem-me para me apressar, mas eu fico chateado, porque acelero e acabo por gaguejar mais. Depois levo ainda mais tempo até conseguir dizer o que queria.”
Que mais deve saber
  • Queremos que compreenda que gaguejamos e como a gaguez nos faz sentir. “Os professores deviam fazer-me perguntas em relação à maneira como me sinto por gaguejar.”
  • Somos, alguns, insultados e sentimo-nos isolados. “Tinha dois amigos que deixaram de ser meus amigos, afastaram-se de mim e disseram que eu não conseguia falar porque gaguejava.”
  • O apoio da família também é importante. “As famílias que apoiam são uma grande ajuda, porque simplesmente ajudam-nos a libertar toda a pressão e tensão que se acumula se começarmos a gaguejar muito.”
  • Devemos ser encaminhados para um terapeuta da fala (com a autorização dos pais). “Todas as pessoas que gaguejam deviam ter terapia da fala… na terapia ensinam-nos técnicas novas para lidar com a gaguez e de como realmente viver com ela.”
  Tradução livre. Stammering Centre. Top tips. Consultado a 25 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/top-tips
  1. Não diga à criança para “abrandar” ou “relaxar”.
  2. Não complete as palavras da criança ou fale por ela.
  3. Ajude todos os elementos da turma a aprender a falar apenas na sua vez. Todas as crianças – especialmente aquelas que gaguejam – acham que é muito mais fácil falar quando não são interrompidas e quando têm a atenção de quem as ouve.
  4. Espere a mesma qualidade e quantidade de trabalho tanto do aluno que gagueja, como do que não gagueja.
  5. Fale com o aluno de uma forma pausada e sem pressas.
  6. Deixe claro que está atento ao conteúdo da mensagem e não à forma como ela é dita.
  7. Fale com o aluno que gagueja sobre o seu lugar na sala de aula. Respeite as necessidades do aluno, mas tenha o cuidado de não ser demasiado permissivo.
  8. Não lide com a gaguez como algo digno de vergonha. Fale sobre o assunto como sobre outro qualquer.
  Compilado por Lisa Scott, Ph.D., The Florida State University. Tradução livre do folheto “8 Tips For Teachers” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/8-tips-teachers

Guia Útil para Professores

Guia Útil para Professores

EM MANUTENÇÃO