Sabemos que os pais não são responsáveis pela causa da gaguez. No entanto, como pai de uma criança que gagueja há muitas coisas que pode fazer para ajudar o seu filho. Compreender a razão pela qual o seu filho gagueja é o primeiro passo para identificar o que é que você pode fazer. As razões pelas quais uma criança começa a gaguejar podem ser complexas e são diferentes para cada criança.

Nesta secção temos informações sobre a gaguez, incluindo quando é que começa, porque acontece e onde é que você pode ir para obter mais orientação e apoio.

A nossa secção de dicas dar-lhe-á algumas ideias que você pode começar a usar imediatamente. A secção de conselhos inclui algumas ideias para pensar e informações para as crianças que estão a crescer a aprender mais do que uma língua.

Tradução livre.
Stammering Centre. Information for Parents. Consultado a 15 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/parent-information

A gaguez ocorre em todas as partes do mundo, em todas as culturas, religiões e grupos socioeconómicos. É um problema extremamente complicado que tem deixado perplexos, ao longo da história, os investigadores, académicos e aqueles que gaguejam. Individualidade e variabilidade A gaguez pode assumir muitas formas diferentes e cada pessoa que gagueja apresenta características ligeiramente diferentes. Uma característica comum é a sua imprevisibilidade e variabilidade. Isso faz com que seja um problema profundamente frustrante para a pessoa que gagueja e para a família. Muitos pais descrevem como as fases da gaguez são seguidas por um período fluente que pode durar semanas. Naturalmente, isso contribui para o dilema de quando pedir ajuda ou se deve pedir ajuda. Muitas vezes os pais relatam que não há um padrão óbvio para o problema. Por exemplo, às vezes é pior quando a criança está cansada, mas nem sempre, às vezes é melhor nas férias, mas não de forma consistente. Não há regras rígidas e rápidas. Características da gaguez Embora a quantidade e tipo de gaguez seja diferente para cada indivíduo, as características seguintes são as mais comuns. Lembre-se que mesmo que o seu filho esteja a apresentar algumas destas características na sua fala isso não significa necessariamente que a criança desenvolveu um problema de gaguez. Normalmente, muitas crianças repetem palavras e sílabas:
  • Repetição da palavra completa, por exemplo: “Eu, eu, eu depois fui embora”.
  • Repetição de sons ou sílabas, por exemplo: “V-v-vem c-c-cá ma-ma-mamã”.
  • Prolongamento de sons, por exemplo: “ssssssseis chocolates”.
  • Bloqueio de sons, a boca está na posição, mas nenhum som sai.
  • Tensão muscular – em torno dos olhos, nariz, lábios, pescoço, ou nos braços, pernas, peito, etc. Podem ocorrer movimentos extra do corpo quando a criança tenta dizer a palavra: bater com o pé, mudar a posição do corpo ou bater com os dedos.
  • Evita contacto visual quando gagueja.
  • A respiração pode ser interrompida, por exemplo, a criança pode prender a respiração enquanto fala ou inspira exageradamente antes de falar. Geralmente, o fluxo da fala é interrompido de forma desigual e isso pode causar desconforto para quem fala e para quem ouve.
Às vezes a criança adota estratégias para tentar minimizar ou esconder o problema, por exemplo:
  • Evita ou altera palavras – a criança pode dizer “Eu esqueci-me do que ia dizer”, ou pode mudar para outra palavra quando começa a gaguejar, por exemplo, “Eu brinquei com o meu ir-ir-ir… com o meu primo no sábado”.
  • Evita certas situações – por exemplo, conversar num grupo ou fazer perguntas na sala de aula.
  • Algumas crianças tornam-se tão hábeis a esconder o seu problema que até podem parecer fluentes, ou apenas tornam-se muito silenciosas.
Tradução livre. Stammering Centre. What is stammering? Consultado a 15 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/what-is-stammering-parents
As crianças costumam ser muito curiosas e podem perguntar porque gaguejam. Pode ser difícil saber como responder a uma pergunta como esta, porque temos receio de não responder acertadamente. No entanto, descobrimos que muitas crianças sentem uma sensação de alívio quando um adulto leva esta questão a sério, é honesto e diz-lhes o que está a acontecer quando elas falam e explicam porquê que elas falam de uma maneira diferente. As informações que se seguem foram tiradas do livro “Sometimes I Just Stutter”. Se uma criança lhe perguntar porque gagueja, você encontrará aqui uma maneira de como poderá responder à pergunta. O que te faz gaguejar? Todas as pessoas são diferentes. Elas fazem algumas coisas bem e outras não tão bem. Algumas crianças podem correr muito rápido; outras não são assim tão rápidas. Algumas crianças são boas a matemática ou a desenhar. Outras acham que é difícil. Por exemplo, para desenhar bem, os músculos do teu braço, a tua mão e os teus dedos têm de trabalhar em conjunto. Quando tens dificuldade em fazer um desenho, tens também dificuldade em conseguir que todos os músculos trabalhem em conjunto; é uma espécie de ponto fraco. Não é nada de especial; precisas apenas de mais tempo para fazer um bom desenho. Se tentares faze-lo rapidamente, a probabilidade de o desenho não ficar bem será maior. Se não és bom em alguma coisa e tentares fazê-lo rapidamente, podes ficar nervoso. E quando estás nervoso o que estás a fazer pode correr mal. Quando tens medo de cometer erros há mais probabilidades de cometeres um. As pessoas que são boas a desenhar não têm estes problemas. Podem desenhar rápido, mesmo quando se sentem tensas, e não têm medo de errar. O mesmo acontece com a fala. Algumas pessoas acham que é fácil e nunca têm problemas. Mas para as pessoas que gaguejam este é o seu ponto fraco. Às vezes pode ser difícil que os teus lábios, a tua língua, a tua garganta e respiração trabalhem em conjunto rapidamente e sem problemas. Quando falas mais devagar ou te sentes à vontade, não deve haver problemas; provavelmente deves falar muito bem. Quando falas em voz alta para ti próprio, ou quando cantas, ou quando falas com o teu gato ou cão, sentes-te calmo e confiante e dificilmente gaguejas. Mas quando tens pressa e queres dizer algo rapidamente, ou quando te sentes nervoso, falar pode tornar-se mais difícil e podes começar a gaguejar. E se tens medo que gaguejar seja algo errado e tentas não gaguejar, então falar tornar-se-á ainda mais difícil. Depois podes fechar os olhos, ou pressioná-los com muita força para dizeres o que queres. As crianças que têm muito medo de gaguejar podem evitar falar. Não atendem o telefone, não terminam as frases, ou podem tentar encontrar palavras que consigam dizer mais facilmente. Isso não é nada divertido. Por isso é melhor não tentar impedir ou esconder a gaguez. Vais sentir-te menos nervoso, e quanto mais calmo estiveres, mais fácil será falar.   Tradução livre do folheto “Explaining Stuttering” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=126
A gaguez começa, normalmente, na infância entre as idades de 2 e 5 anos, coincidindo com o rápido desenvolvimento de novas competências físicas e mentais. Mais especificamente, a criança está a aprender muitas palavras novas, a começar a usar frases mais longas, a expressar novas ideias e a fazer muitas perguntas. A gaguez é diferente de outros problemas da fala e linguagem porque pode começar em diferentes fases da vida de uma criança. Para alguns começa gradualmente – vai e volta e parece fazer parte das tentativas naturais da criança para usar cada vez mais palavras. Enquanto para outras crianças pode começar repentinamente, às vezes quase da noite para o dia e por vezes severamente. Na verdade, isto pode ser muito preocupante tanto para a criança como para a sua família. E, em alguns casos, pode desaparecer rapidamente dentro de dias ou meses. Se está preocupado, o melhor é procurar aconselhamento. Não se deixe levar pelo “não se preocupe”. Todos sabemos que dizer a nós mesmos para não nos preocuparmos é, geralmente, inútil. Ajuda é o que é necessário, que é o que estamos aqui a tentar oferecer. Quem é afetado? Cerca de 5% das crianças passam por um período disfluente. A maioria supera esse período disfluente com ou sem ajuda, mas cerca de 1% vai continuar com o problema, a gaguez. Alguns especialistas diriam que é impossível prever exatamente quais as crianças que vão deixar de gaguejar, mas investigações recentes estão a começar a sugerir uma série de fatores que nos ajuda a identificar as crianças que são mais vulneráveis à gaguez. Falaremos sobre isto na secção o que provoca a gaguez. Na infância, há quase tantas meninas que gaguejam como meninos, mas este panorama muda ao longo do tempo. Parece que as meninas começam a gaguejar um pouco mais cedo e que são mais propensas a superar o problema do que os meninos. Pelos 10 anos, a proporção de meninos e meninas que gaguejam pode ser tão alta como 4 ou 5:1. É por isso que vamos referir-nos com frequência à criança que gagueja como “ele” neste site. Como é que a gaguez afeta uma criança? As crianças são afetadas de diferentes maneiras. Algumas não estão muito preocupadas, enquanto outras podem estar muito conscientes da dificuldade que têm ao conversar e podem ficar perturbadas. Algumas podem apresentar sinais de esforço ao dizer as palavras e frustração com a sua incapacidade para dizer o que querem. A quantidade de gaguez que a criança apresenta não está necessariamente ligada ao seu nível de consciência ou preocupação sobre o problema. Para algumas crianças, uma gaguez aparentemente suave pode ter um grande impacto no seu estilo de vida, enquanto para outras com um nível de gaguez aparentemente mais severo parece não as incomodar. Será que a gaguez muda ao longo do tempo? A gaguez pode mudar diariamente e de situação para situação. Procurar sinais de que está a piorar vai aumentar a sua ansiedade – e talvez de toda a família. Tentar reparar no que a criança está a fazer bem é mais útil. Se reparar em alterações na fala do seu filho, pode ser a sua tentativa de falar mais fluentemente. Ao longo da infância, o leque de situações de fala com que uma criança se depara aumentará e, como resultado, a sua consciência do problema pode crescer. Torna-se ainda mais importante prestar atenção aos momentos em que o discurso é mais fluente e perceber o que há nessas situações que parece ajudar. Tradução livre. Stammering Centre. When does it begin? Consultado a 16 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/when-does-it-begin
Ao longo dos séculos tem havido inúmeras teorias sobre as possíveis causas da gaguez e há investigadores em todo o mundo que estão a tentar descobrir exatamente o que faz com que uma criança seja mais vulnerável do que outra. Há cada vez mais provas de que a genética desempenha um papel importante, mas não em todas as famílias. O que pode influenciar a gaguez nas crianças? Cada criança é única. O diagrama abaixo ajudará a perceber quais os fatores que podem explicar o porquê de uma criança começar a gaguejar, como a gaguez muda ao longo do tempo, porquê que as crianças gaguejam mais ou menos em determinadas circunstâncias e o impacto que tem na criança e na família. À medida que crescemos e nos desenvolvemos as experiencias do dia-a-dia moldam as nossas características pessoais, os nossos pontos fortes e as nossas vulnerabilidades. Cada indivíduo que gagueja terá, provavelmente, uma combinação diferente desses fatores e que podem mudar ao longo do tempo. O seguinte diagrama mostra alguns exemplos de fatores que podem ser importantes para uma criança. 3 Também é possível que este diagrama pareça que não está adequado; às vezes parece que não há absolutamente nenhuma razão para que uma criança em particular continue a gaguejar. É complicado e abordaremos cada tema individualmente. Tradução livre. Stammering Centre. What causes it? Consultado a 17 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/what-causes-it-parents

Definitivamente, não!

Como pais começamos por assumir que tudo o que fazemos é potencialmente errado para os nossos filhos, com a culpa e a preocupação que parece que começam assim que o bebé nasce! Há, aparentemente, um impulso inato que faz com que todos nós tenhamos o objetivo de sermos pais perfeitos, exigindo que sejamos capazes de fazer tudo corretamente.

Este equívoco sobre os pais causarem a gaguez parece estar relacionado com estudos antigos e de má qualidade. Um terapeuta da fala americano (que gaguejava) desenvolveu uma teoria de que o problema era causado por pais “muito ansiosos”, rotulando como gaguez as hesitações normais do desenvolvimento da fala. Pior ainda, foi sugerido que a “reação negativa” dos pais em relação à fala dos filhos fez com que as crianças se esforçassem para parar com esses momentos de fala desarticulada e que foi esse esforço que causou a gaguez.

Existem agora inúmeros estudos que analisam se os pais das crianças que gaguejam reagem ou interagem de forma diferente com essas crianças – a resposta é muito clara:

Os pais não causam a gaguez!

Tradução livre.

Stammering Centre. Can parents cause stammering? Consultado a 1 de novembro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/can-parents-cause-stammering

É verdade que muitas crianças passam por uma fase em que parece que gaguejam. Esta fase pode durar várias semanas, ou até mesmo meses, até que voltem a ser fluentes. Estima-se que quatro em cada cinco crianças superem este problema. Algumas precisam de ajuda, enquanto outras conseguem ultrapassá-lo sozinhas. Há algumas crianças que continuam a gaguejar e beneficiariam se tivessem um apoio especializado.

Nota: quanto mais cedo for fornecida ajuda à criança, mais facilmente esta ultrapassará o problema ou aprenderá a geri-lo com sucesso.

Tradução livre

Fonte: http://www.stammeringcentre.org/is-stammering-just-a-phase

Não!

Alguns pais temem que os seus filhos possam “ser contagiados” com gaguez por outras crianças ou adultos. Não há nenhuma pesquisa que comprove que seja este o caso, e parece improvável que as crianças optem por falar desta maneira se tiverem essa escolha. Embora, como com todos os aspetos deste problema complexo, tenham existido muitas historietas ao longo dos anos.

Tradução livre.

Stammering Centre. Can you catch stammering? Consultado a 4 de novembro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/can-you-catch-stammering

Este material foi compilado por Dr. Barry Guitar, da Universidade de Vermont, e Dr. Edward G. Conture, da Universidade Vanderbilt O seu filho gagueja? Se o seu filho tem dificuldade em falar e tende a hesitar ou a repetir determinadas sílabas, palavras, ou frases, ele pode ter um problema de gaguez. Mas ele também pode estar apenas a passar por períodos normais de disfluência, tal como a maioria das crianças passam quando estão a aprender a falar. Este folheto ajudá-lo-á a compreender a diferença entre a gaguez e o desenvolvimento normal da linguagem. A disfluência normal de uma criança
  1. Uma criança com uma disfluência normal repete ocasionalmente silabas ou palavras, co-co-como isto. As disfluências também podem incluir hesitações ou o uso de sons como “uh”, “er”, “um”.
  2. A maioria das disfluências ocorre entre as idades de um ano / um ano e meio e os cinco anos, e tendem a aparecer e a desaparecer. Normalmente são sinal de que a criança está a aprender novas formas de usar a língua. Se as disfluências desaparecerem durante várias semanas e depois regressarem, a criança pode estar apenas a passar por outra fase de aprendizagem.
Crianças com gaguez suave
  1. As crianças que têm uma gaguez suave repetem os sons mais do que duas vezes, co-co-co-co-como isto. A tensão e a luta podem ser evidentes nos músculos faciais, especialmente em torno da boca.
  2. O tom de voz pode aumentar com as repetições e, ocasionalmente, a criança terá um “bloqueio” – não há fluxo de ar ou de voz por alguns segundos.
  3. As disfluências podem desaparecer e regressar, mas agora estão com frequência mais presentes do que ausentes.
  4. Tente falar mais lenta e relaxadamente com o seu filho e encoraje os outros membros da família a fazer o mesmo. Não fale demasiado lentamente de maneira a parecer que não é normal, mas fale sem pressas e com muitas pausas.
  5. O discurso lento e relaxado pode ser mais eficaz quando é combinado com algum tempo dedicado, todos os dias, à criança, onde ela tem toda a atenção de um dos pais. Pode tirar alguns minutos, num horário regular, para não fazer mais nada a não ser ouvir o seu filho falar do que estiver a passar pela sua mente.
  6. Quando o seu filho estiver a falar consigo ou lhe fizer uma pergunta, tente fazer uma pausa por um ou dois segundos antes de lhe responder. Isto ajudará o discurso do seu filho a ser mais tranquilo e relaxado.
  7. Tente não ficar chateado ou irritado quando a gaguez aumentar. O seu filho está a fazer o melhor que pode ao lidar com a aprendizagem de várias competências novas ao mesmo tempo. Ao ser paciente e ao aceitar o seu filho, ajudá-lo-á imenso.
  8. Repetições sem esforço e prolongamentos de sons são a forma mais saudável de gaguez. Tudo o que ajudar o seu filho a gaguejar desta maneira mais suave, em vez de estar mais tenso ou tentar evitar palavras, estará a ajudá-lo.
  9. Tranquilize o seu filho se ele ficar frustrado ou triste quando a gaguez é mais severa. Algumas crianças reagem bem quando ouvem, “Eu sei que às vezes é difícil falar… mas muitas pessoas bloqueiam em palavras… está tudo bem.” Outras ficam mais tranquilas com um toque ou um abraço nos momentos em que estão frustradas.
Crianças com gaguez severa
  1. Se o seu filho gagueja em mais de 10% do seu discurso, se gagueja com esforço e tensão considerável, ou evita gaguejar alterando palavras e usando sons extra para começar o seu discurso, ele terá mais proveito se tiver acompanhamento de um terapeuta da fala. Os bloqueios são mais comuns do que as repetições ou os prolongamentos. As disfluências tendem a estar presentes na maioria das situações de fala.
  2. As sugestões que foram dadas para os pais de crianças com gaguez suave também são apropriadas para pais de crianças com gaguez mais severa. Tente lembrar-se que abrandar e relaxar o seu próprio estilo de discurso é muito mais útil do que dizer à criança para abrandar.
  3. Encoraje o seu filho a falar consigo sobre a sua gaguez. Mostre que é paciente e que o aceita enquanto falam sobre a gaguez. Ultrapassar a gaguez é muitas vezes uma questão de perder o medo de gaguejar do que esforçar-se mais.
  Tradução livre - "If You Think Your Child Is Stuttering..." http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=6

Sim e não. Muitos pais recebem este conselho de amigos e de alguns profissionais, no entanto, nem todas as crianças ultrapassam a gaguez. Se a criança estiver consciente das suas dificuldades, se expressar preocupação e frustração com o seu discurso, o melhor será procurar aconselhamento.

Muitas crianças estão conscientes do seu problema desde muito cedo – há crianças com três anos que descrevem a sua gaguez e as dificuldades que enfrentam.

Sugestões e comentários como “não há pressa” e “eu estou a ouvir” podem ser úteis e encorajadores.

Tradução livre.

Fonte: http://www.stammeringcentre.org/if-we-ignore-it-will-it-go-away

Ao falar calma e naturalmente da mesma maneira que falaria sobre qualquer outro problema, você impedirá que este assunto se torne num tabu. Ao tranquilizar o seu filho de que está tudo bem e que às vezes todos nós temos problemas a falar, você não vai tornar a situação pior.

Uma aceitação tranquila e reconhecimento podem fazer com que o seu filho se sinta melhor. A mensagem que você quer transmitir à criança é que o que ela está a fazer não é incomum e faz parte do processo de aprendizagem. Você quer transmitir o sentimento de “eu entendo”, “eu estou a ouvir-te” e “eu posso ajudar”.

Como é confuso e perturbador para uma criança quando ninguém parece estar a ajudá-la com o problema com o qual ela luta? Imagine o que passa pela sua cabeça! “O que é que eu tenho de errado?” “Porquê que não consigo falar corretamente?” “O que estou a fazer de errado?” “Porquê que eles não estão a dizer ou a fazer alguma coisa?”

Tradução livre.

Stammering Centre. If I draw attention to it, will I make it worse? Consultado a 1 de novembro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/if-i-draw-attention-to-the-stammer

O que devo fazer quando o meu filho gagueja? A atitude mais importante a ter quando alguém gagueja é sermos nós próprios bons comunicadores.
  • Mantenha o contacto visual e dê tempo suficiente à criança para que esta termine o que está a dizer.
  • Tente não completar palavras ou frases.
  • Deixe que o seu filho perceba pela sua maneira de estar e pelas suas ações que está apenas a ouvir o que ele diz e não a maneira como diz.
  • Espere dois segundos antes de responder ao seu filho. Faça mais pausas enquanto fala para ajudar a reduzir a pressão do discurso.
Tente não fazer comentários como “abranda”, “respira fundo”, “relaxa” ou “pensa primeiro no que vais dizer”. É costume fazermos este tipo de comentários porque, abrandar, relaxar, ou pensar no que vamos dizer, ajuda-nos quando sentimos que estamos a tropeçar nas palavras. No entanto, a gaguez é um problema da fala diferente e este tipo de conselhos não ajuda as pessoas que gaguejam. Devo lembrar o meu filho para usar as técnicas de terapia para a gaguez? É melhor não o fazer, a não ser que o terapeuta da fala tenha pedido. As crianças que gaguejam aprendem várias técnicas diferentes, às vezes chamadas de ferramentas da fala, durante a terapia para poderem gerir a sua gaguez. Contudo, aprender a usar estas ferramentas da fala em situações diferentes (por exemplo, na sala de aula, em casa, com os amigos vs. a sala de terapia) leva um tempo e prática considerável. Muitas crianças e adolescentes que gaguejam não têm maturidade ou capacidade suficiente para controlar o seu discurso em todas as situações. Portanto, pode ser irreal esperar que o seu filho use as ferramentas da fala em vários tipos de ambiente e em todos os momentos. O que devo fazer quando o meu filho está a ter um dia difícil em relação à fala? O melhor será falar com o seu filho para saber o que é que ele gostava de fazer nos dias em que é mais difícil falar. As crianças e os adolescentes variam muito na maneira como querem que os seus familiares, professores e pares respondam quando estão a ter um momento em que sentem mais dificuldade ao falar. Por um lado algumas crianças podem preferir que o professor as trate da mesma maneira como as trata num dia normal, chamando-o espontaneamente ou pedindo-lhe que leia em voz alta. Por outro lado, outras crianças podem preferir que o professor reduza temporariamente as suas expectativas em relação à participação oral, chamando-lhe apenas se a sua mão estiver levantada ou permitir que o aluno não leia durante as atividades de leitura da turma. O que devo fazer quando o meu filho interrompe outra pessoa? Lide com as interrupções da mesma maneira que faria se o seu filho não gaguejasse. Às vezes as crianças que gaguejam interrompem os outros, porque é mais fácil começar a falar enquanto os outros já o estão a fazer. Não sabemos ao certo porquê que é mais fácil interromper os outros, talvez a criança sinta que chama menos atenção no início do seu discurso, visto que é nesta altura em que é mais provável que gagueje. Embora seja mais fácil para a criança iniciar o seu discurso interrompendo os outros, também é importante que a criança aprenda regras para uma boa comunicação. E quanto à leitura em voz alta e outras atividades da sala de aula? Há muitas coisas que pode fazer para tornar a leitura em voz alta uma experiência positiva para a sua criança. Juntos, você e a criança, podem desenvolver um plano, considerando fatores como:
  • Ordem – se a criança quer ser uma das primeiras a ler ou a apresentar um trabalho, uma das últimas ou então no meio;
  • Prática – praticar ajudará a criança a sentir-se mais confortável. Pode praticar em casa, com um amigo, ou numa sessão de terapia da fala;
  • Tamanho da audiência – quer faça uma apresentação oral em privado, a um grupo pequeno ou em frente de uma turma inteira;
  • Outras questões – se os critérios de avaliação devem ser modificados por causa da gaguez;
  • Ser chamado – se se sente confortável em ser chamado em qualquer altura durante a aula ou apenas quando levanta a mão;
  • Como falar com o professor em relação às suas preferências na sala de aula.
Como devo lidar com a provocação? Uma das experiências mais dolorosas para os pais é saber que o seu filho é provocado. Ser provocado é uma experiência comum a muitas crianças, não apenas para aquelas que gaguejam. O que posso dizer para encorajar o meu filho a falar? A melhor maneira de encorajar uma criança que gagueja a falar é mostrar-lhe através de palavras e ações que o mais importante é o que ela diz e não a maneira como diz. Outras maneiras de encorajar a criança:
  • Elogie o seu filho por partilhar ideias;
  • Mostre ao seu filho que a gaguez não o incomoda;
  • Dê ao seu filho oportunidades para falar, tal como começar uma conversa ou pedir-lhe uma opinião.
Existe alguma ligação entre fazer cócegas a uma criança e o desenvolvimento da gaguez? Não. As cócegas podem excitar uma criança, mas não causam a gaguez.   Este material foi adaptado do livro Stuttering: Straight Talk for Teachers, por L. Scott, C. Guitar, K. Chmela, e W. Murphy. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=142
  Provavelmente DISFLUÊNCIAS NORMAIS Provavelmente GAGUEZ
Comportamento da fala que pode observar ·    Ocasional (menos do que uma vez a cada 10 frases), breve (menos do que ½ segundo), repetição de sons, sílabas ou palavras curtas co-como esta. Sons, sílabas ou palavras repetidas apenas uma ou duas vezes, por exemplo, ei-ei, po-po-posso. ·    Frequente (3 ou mais a cada 10 frases), longo (mais do que ½ segundo), repetição de sons, sílabas e algumas palavras curtas, co-co-co-como esta. Sons, sílabas e palavras curtas, normalmente repetidas 3 ou mais vezes, p-p-p-p-por e-e-e-exemplo. Prolongamento ocasional de sons cccccomo este, ou bloqueios.
Outro comportamento que poderá observar ·    Pausas ocasionais, hesitações no discurso ou muletas como “uh”, “er”, ou “mm” normalmente observados quando a criança está a modificar palavras ou pensamentos. ·    Repetições e prolongamentos podem estar associados com o pestanejar, cerrar os olhos, desviar o olhar e alguma tensão muscular em torno da boca. Pode ainda ouvir mudanças no tom ou no volume à medida que a criança luta para pronunciar a palavra. A criança pode ainda usar sons ou palavras extra como introdução, ex., “Bem, é assim, e-e-e-eu vou precisar de um lápis”.
Quando o problema é mais evidente ·    Tende a ir e a vir quando a criança está: cansada, agitada, a falar de um assunto complexo ou novo, a perguntar ou a responder a questões ou a falar com ouvintes passivos. ·    Poderá ir e vir em situações semelhantes, mas está mais vezes presente do que ausente. Se verificado na maioria das situações de comunicação e é consistente, o problema poderá ser mais severo.
Reação da criança ·    Aparentemente nenhuma. ·    Poderá mostrar preocupação, embaraço, frustração, receio de falar. Poderá mostrar-se relutante em participar nas atividades da aula, como apresentações, leitura em voz alta ou levantar o braço quando é feita uma pergunta.
Reação dos pares ·    Aparentemente nenhuma. ·    Os colegas poderão fazer perguntas, comentar ou imitar a maneira de falar da criança que gagueja. A provocação pode estar presente.
Reação dos pais ·    Nenhuma a muita. ·    Algum grau de preocupação.
Decisão de recomendação ·    Sem indicação. ·    Recomendação para despiste.
  Este material foi adaptado do livro Stuttering: Straight Talk for Teachers, por L. Scott, C. Guitar, K. Chmela, e W. Murphy. Tradução livre. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=149 07-05-2012
Certos fatores podem colocar as crianças em risco de gaguez. Ao conhecer estes fatores será mais fácil decidir se o seu filho precisa ou não de ir a um terapeuta da fala. Veja o gráfico. Se o seu filho tem um ou mais destes fatores de risco, você deve procurar ajuda.
  • t História familiar de gaguez:
Existem agora provas de que quase metade das crianças que gaguejam têm um membro da família que gagueja. O risco de que o seu filho está realmente a gaguejar, em vez de ter disfluências normais, aumenta se esse membro da família ainda gaguejar. O risco é menor, se o membro da família superou a gaguez quando era criança.
  • Idade de início:
As crianças que começam a gaguejar antes da idade dos três anos e meio de idade estão mais propensas a superar a gaguez. Se o seu filho começar a gaguejar antes dos três anos de idade, há uma grande probabilidade de superar a gaguez dentro de seis meses.
  • Tempo desde o início:
De todas as crianças que gaguejam, entre 75% e 80% vão parar de gaguejar dentro de 12 a 24 meses sem que seja preciso terapia. Se o seu filho gagueja há mais de 6 meses, a probabilidade de ultrapassar a gaguez sem a ajuda de um terapeuta é menor. Se ele gagueja há mais de 12 meses, a probabilidade é ainda menor.
  • Género:
As meninas são mais propensas que os meninos para superar a gaguez. Na verdade, três a quatro meninos continuam a gaguejar para cada menina que gagueja. Porquê esta diferença? Em primeiro lugar, parece que durante a primeira infância há diferenças inatas na fala entre os meninos e as meninas. Em segundo lugar, durante este mesmo período os pais, os familiares e outras pessoas reagem muitas vezes de maneira diferente com os meninos do que com as meninas. Portanto, pode ser que existam mais meninos que gaguejam do que meninas por causa de diferenças básicas na fala e de diferenças nas interações com os outros. Dito isto, muitos meninos que começam a gaguejar superam o problema. O que é importante lembrar é que se o seu filho gagueja neste momento, não significa necessariamente que ele ou ela vá gaguejar o resto da sua vida.
  • Outros problemas de fala:
É mais provável que uma criança que dá poucos erros de fala, se os der, supere a gaguez, do que uma criança cujos erros tornam-na difícil de se fazer compreender. Se o seu filho erra frequentemente no seu discurso, como substituir um som por outro, ou não pronunciar sons de palavras, ou tem dificuldade em seguir instruções, você deve procurar a ajuda de um terapeuta. Descobertas recentes dissipam relatórios anteriores onde afirmava que as crianças que gaguejam têm menos competências linguísticas. Pelo contrário, há indicações de que estão dentro dos cânones ou acima. Conhecimentos linguísticos avançados parecem ser mais um fator de risco para as crianças cuja gaguez persiste. Estes fatores de risco colocam as crianças em maior risco de desenvolver a gaguez. Se o seu filho tem algum destes fatores de risco e está a mostrar alguns ou todos os sinais de alerta mencionados anteriormente, você deve procurar ajuda de um terapeuta. Você deve agendar uma consulta de triagem com um terapeuta da fala especializado em gaguez. O terapeuta decidirá se a criança gagueja e, de seguida, determinará se deve esperar ou se deve iniciar o tratamento imediatamente.   Tradução livre do folheto “Risk Factors” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=111 28-02-1012
Genética ou herança Aqui falamos das características com que a pessoa nasce. Às vezes lemos sobre “natureza versus educação”, o cruzamento entre o que é herdado e o ambiente no qual crescemos. Por exemplo, às vezes é muito fácil de adivinhar de quem herdamos a cor dos olhos. Por sua vez, já não é tão fácil de explicar os traços de personalidade, embora você oiça alguém dizer “Teimoso, tal como o avô!”. O temperamento é provavelmente uma mistura de ambos “natureza e educação”. A gaguez também parece ser uma mistura de ambos. Para alguns há uma ligação genética, um familiar que gaguejou ou ainda gagueja. Está a tornar-se claro que muitas crianças herdam a vulnerabilidade para a gaguez. No Michael Palin Centre mais de metade das crianças tem um familiar que gaguejou no passado ou que continua a gaguejar. Enquanto os investigadores estão a tentar descobrir mais sobre as ligações genéticas, serão necessários muitos anos até que tudo seja totalmente compreendido – ou se nos vai ajudar a decidir qual é a melhor terapia para cada criança em particular. O sistema nervoso e a fluência No entanto, investigações também estão a começar a sugerir (e não sabemos se isto está ligado à genética) que a gaguez pode ser um sinal de que o desenvolvimento do sistema nervoso para falar fluentemente da criança pode ser menos eficiente. A consequência é que a terapia será mais bem-sucedida na infância, antes do problema se tornar num sistema de fala mais adulto. O sistema nervoso da fala das crianças continua a mudar e a desenvolver-se até ao início da idade adulta. Citando a Professora Anne Smith, da Universidade de Purdue, na Conferência de Disfluência de Oxford em 2008: “A gaguez é um distúrbio neurológico que envolve muitos sistemas cerebrais diferentes ativos para o discurso – incluindo a linguagem, motricidade, e redes emocionais. Cada criança nasce com uma constituição genética que contribui para a sua probabilidade de gaguejar, porém, se a gaguez vai ou não desenvolver-se depende da vivência. Para aprender a falar fluentemente, o cérebro da criança deve desenvolver muitos circuitos neurológicos diferentes e estes circuitos devem interagir de forma muito precisa e rápida. A gaguez surge na infância como um sintoma de que os circuitos neurológicos do discurso não estão a ser ligados normalmente. Por esta razão, a intervenção precoce é fundamental, porque ao moldar a experiência da criança podemos afetar o processo de ligações em rápido desenvolvimento que está em curso no cérebro da criança. Quanto mais tempo os sintomas da gaguez persistirem na infância, mais difícil será, para nós, mudar as ligações no cérebro, a gaguez torna-se crónica e, geralmente, um problema ao longo da vida.” Género Os meninos são mais vulneráveis – não sabemos porquê, mas os meninos têm mais probabilidades de também ter outros problemas da fala, linguagem e alfabetização. Competências orais As competências orais estão relacionadas com o planeamento e coordenação dos movimentos de articulação – língua, maxilar, laringe, etc. Algumas pesquisas de investigação mostraram diferenças nas competências orais de algumas pessoas que gaguejam – podem ser mais lentas ou menos bem coordenadas, mas são tão discretas que são impercetíveis sem o equipamento científico de medição. Investigação sobre o funcionamento do cérebro Imagens cerebrais é uma área nova e altamente complicada de investigação em adultos que gaguejam. Os resultados iniciais sugerem que certos aspetos da fala e da linguagem podem ser processados em áreas diferentes do cérebro em adultos que gaguejam. O que ainda não está claro é se esta é a raiz do problema da gaguez ou se é um resultado da dificuldade em falar. Uma vez que não é eticamente possível realizar estas experiências com crianças, os resultados não podem ser generalizados à população mais jovem. Tradução livre. Stammering Centre. Physiological factors. Consultado a 18 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/physiological-factors
Conforme foi mencionado anteriormente, a gaguez normalmente surge num momento em que o sistema de linguagem da criança se está a desenvolver rapidamente. Tem sido sugerido que este aumento dramático nas competências da linguagem pode sobrecarregar o sistema de fluência e apoia a observação feita frequentemente pelos pais de que “o seu cérebro é mais rápido do que a sua boca”. Parece haver muitas provas que ligam a fala e o desenvolvimento da linguagem das crianças com a gaguez. Na verdade, alguns investigadores estão convencidos de que pode haver um problema subjacente da fala ou da linguagem que é mascarado ou escondido na altura em que a gaguez começa. Como todos os fatores na gaguez, este não parece ser o caso para todas as crianças. Algumas são um pouco lentas na sua fala, enquanto outras parecem ser muito avançadas. Os investigadores terão de explicar isso com mais clareza! No entanto, uma coisa que notamos no consultório é que quando as crianças tentam usar uma linguagem mais complicada normalmente gaguejam mais. Também quando lhes pedimos que expliquem coisas, ou quando estão entusiasmadas a recontar uma história, talvez a tentarem falar muito rápido – a fluência pode quebrar. A fluência parece quebrar com mais frequência em palavras longas e em frases mais complicadas. É mais provável que ocorra no início de uma frase e com palavras menos familiares.   Inglês como língua adicional Estima-se que mais de metade da população mundial é bilingue e cerca de 5% das crianças começa a gaguejar. Muitas crianças que gaguejam estarão, portanto, a aprender a falar mais do que um idioma. No entanto, ser bilingue não causa a gaguez e muitas crianças aprendem duas línguas e não gaguejam. Para algumas crianças, aprender duas línguas ao mesmo tempo pode ser difícil de gerir e pode ter impacto na sua fluência. Tradução livre. Stammering Centre. Speech factors. Consultado a 19 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/speech-factors
Fatores sociais e ambientais Em todo o site enfatizamos que os pais e familiares não causam a gaguez na criança. No entanto, o ambiente em que a criança vive é importante, pois há muitas coisas que você pode fazer para ajudar. O estilo de vida diário, eventos, experiências, atitudes e comportamentos que ocorrem em casa e na escola têm impacto sobre todas as crianças em todos os tipos de formas, e para as crianças que gaguejam incluirá também a sua fluência. O quotidiano da maioria das famílias é atarefado e exigente. Há tanta coisa para organizar e lembrar: agenda cheia de atividades, roupas para encontrar, refeições, hora de dormir, compromissos, horários escolares, trabalhos de casa e vida social! Há exigências e pressões constantes, momentos de divertimento e conflitos, ansiedades e preocupações de saúde – todas as partes normais da vida quotidiana. Algumas crianças que gaguejam podem achar que é difícil de manter o mesmo ritmo, ou tentar manter-se à frente dos outros. No entanto, o facto é que a gaguez e um ritmo acelerado não combinam. Como adultos, a nossa tarefa é observar e compreender o ritmo de vida normal do ambiente da criança e decidir o que não pode ser alterado e, de seguida, tentar sempre que possível ajustar os aspetos que podem ser, de forma sensata, controlados ou modificados. Assim:
  • Se todos falam ao mesmo tempo e num ritmo acelerado, a criança pode tentar fazer o mesmo.
  • Se todos usarem uma linguagem muito complicada, a criança pode tentar copiar.
  • Se certas situações são exigentes, a criança pode sentir-se pressionada.
Nada disto é fácil quando também gagueja. A ideia de que o ambiente desempenha um papel importante na gaguez de uma criança é apoiada por valiosas provas na terapia que mostram que ajudar as famílias a perceber que o que eles já estão a fazer ajuda a criança a ser mais fluente e que devem continuar a fazê-lo – pode ser realmente útil para a gaguez da criança. Pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença no apoio à fluência da criança. Tradução livre. Stammering Centre. Social Factors. Consultado a 19 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/social-factors
Fatores Emocionais e Psicológicos Perguntam-nos frequentemente se a gaguez de uma criança poderia ter sido causada por uma crise ou um aborrecimento familiar. Apesar de não haver provas de que eventos infelizes na família causem a gaguez, os pais muitas vezes preocupam-se que uma experiência possa ter desencadeado o problema. Por exemplo, os pais podem pensar que foi devido à chegada de um novo bebé, o começo numa escola nova ou infantário, uma doença ou um acidente, etc. Embora estes incidentes sejam obviamente importantes, eles também ocorrem na vida de muitas famílias sem consequências na fluência de uma criança. Parece mais provável que estas experiências importantes possam ter acontecido aproximadamente na mesma altura em que a gaguez começou a surgir. No entanto, podem ser uma fonte de stress adicional para a família. Personalidade Supõe-se, frequentemente, que as pessoas que gaguejam são tímidas ou nervosas. Na realidade, isso não é verdade. As crianças e os adultos que gaguejam têm exatamente o mesmo conjunto de tipos de personalidade como as pessoas que não gaguejam. Contudo, a gaguez pode afetar a autoestima e a confiança de uma pessoa em algumas situações – e a timidez e reserva podem ser o resultado da gaguez. Muitos pais também descrevem o seu filho como sendo excessivamente sensível, uma criança preocupada ou que define para si mesmo padrões elevados. Embora estas características não causem a gaguez, uma criança mais sensível à sua gaguez e mais preocupada quanto a cometer erros pode ficar aborrecida quando não consegue dizer o que quer dizer. Por outro lado, uma criança mais descontraída e relaxada pode não ser afetada por momentos de hesitação ou de “fala irregular”. Tradução livre. Stammering Centre. Emotional factors. Consultado a 19 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/emotional-factors
Cerca de 5% de todas as crianças passam por um período de gaguez que dura seis ou mais meses. Três quartos dessas crianças recuperarão no final da infância, deixando cerca de 1% com um problema de longo prazo. No início do distúrbio, a proporção entre o sexo masculino e o sexo feminino parece ser igual, mas há estudos que indicam que entre as crianças que continuam a gaguejar, ou seja, crianças e idade escolar, há três a quatro vezes mais meninos que gaguejam, do que meninas. Os fatores de risco que preveem um problema crónico em vez de uma recuperação espontânea incluem:*
  • t História familiar
Existem agora provas de que quase metade das crianças que gaguejam têm um membro da família que gagueja. O risco de que a criança está realmente a gaguejar, em vez de ter disfluências normais, aumenta se esse membro da família ainda gaguejar. O risco é menor se o membro da família superou a gaguez quando era criança.
  • Idade de início
As crianças que começam a gaguejar antes dos três anos e meio de idade estão mais propensas a superar a gaguez. Se a criança começar a gaguejar antes dos três anos, há uma grande probabilidade de superar a gaguez dentro de seis meses.
  • Tempo desde o início
De todas as crianças que gaguejam, entre 75% e 80% vão parar de gaguejar dentro de 12 a 24 meses sem que seja preciso terapia. Se a criança gagueja há mais de 6 meses, a probabilidade de ultrapassar a gaguez sozinho é menor. Se a criança gagueja há mais de 12 meses, a probabilidade é ainda menor.
  • Género
As meninas são mais propensas do que os meninos a superar a gaguez. Na verdade, três a quatro meninos continuam a gaguejar, para cada menina que gagueja. Porquê esta diferença? Em primeiro lugar, parece que durante a primeira infância há diferenças há diferenças inatas na fala entre os meninos e as meninas. Em segundo lugar, durante este mesmo período os pais, os familiares e outras pessoas reagem muitas vezes de maneira diferente com os meninos do que com as meninas. Portanto, pode ser que existam mais meninos que gaguejam do que meninas por causa de diferenças básicas na fala e de diferenças nas interações com os outros.
  • Outros problemas de fala
É mais provável que uma criança que dá poucos erros de fala, se os der, supere a gaguez, do que uma criança cujos erros tornam-na difícil de se fazer compreender. Se a criança erra frequentemente durante o seu discurso, como substituir um som por outro, ou não pronunciar sons de palavras, ou tem dificuldade em seguir instruções, você deve procurar a ajuda de um terapeuta. Descobertas recentes dissipam relatórios anteriores onde afirmava que as crianças que gaguejam têm menos competências linguísticas. Pelo contrário, há indicações de que estão dentro dos cânones, ou acima. Conhecimentos linguísticos avançados parecem ser mais um fator de risco para as crianças cuja gaguez persiste. De momento, nenhum destes fatores de risco parecem ser, por si só, suficientes para indicar um problema crónico. Pelo contrário, é o acumular de fatores que parece diferenciar as crianças cuja gaguez aparece e desaparece versus aquelas cuja gaguez aparece e depois não desaparece. *Estudos longitudinais feitos pelos Drs. Ehud Yairi, Nicole G. Ambrose e outros colegas da Universidade de Illinois fornecem novas informações sobre o desenvolvimento na primeira infância. As suas descobertas ajudam os terapeutas da fala a determinar quem é que tem melhores probabilidades de superar a gaguez e quem é que tem mais probabilidades de desenvolver um problema a longo prazo. Os relatórios da pesquisa incluem: Yairi, E. & Ambrose, N. (1992). A longitudinal study of stuttering in children: A preliminary report. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 35, 755-760. Ambrose, N. & Yairi, E. (1999). Normative disfluency data for early childhood stuttering. Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 42, 895-909. Yairi, E. & Ambrose, N. (1999). Early childhood stuttering I: Persistence and recovery rates.  Journal of Speech, Language, and Hearing Research, 42, 1097-1112. Yairi, E. & Ambrose, N. (2005). Early Childhood Stuttering: For Clinicians by Clinicians, ProEd, Austin, TX.
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  4. Felsenfeld, S. (1996). Epidemiology and genetics of stuttering. Chapter in R. Curlee and G. Siegel (Eds.), Nature and Treatment of Stuttering: New Directions. Boston: Allyn & Bacon.
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  1. Yairi, E. & Ambrose, N. (2005). Early Childhood Stuttering: For Clinicians By Clinicians,
ProEd, Austin, TX. Guitar, B., & Conture, E. G. (Eds.) (2006). The child who stutters: To the pediatrician. Third edition, publication 0023. Memphis, TN: Stuttering Foundation of America.   Tradução livre do folheto “Prevalence” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=114
 Escrito pela Doutora Rosalee Shenker, Montreal Fluency Centre. Pesquisas têm mostrado que as competências linguísticas de uma criança podem afetar a sua fluência. Muitas crianças que estão numa fase inicial da gaguez mostram um aumento de gaguez quando usam:
  • Vocabulário novo.
  • Gramática mais complexa, tal como frases mais longas que contenham palavras como “e”, “mas” ou “porquê”.
Muitos programas de tratamento sugerem que quando as crianças estão a gaguejar, o melhor é simplificar a linguagem que está a ser falada com elas. Mas e se a criança fala mais do que um idioma? O que é o Bilinguismo? Atualmente, não há uma maneira de definir o bilinguismo. Embora muitas definições tenham sido sugeridas, a seguinte definição pode ser a mais apropriada para crianças: Bilingue refere-se àquelas crianças que falam duas (ou mais) línguas em casa desde o nascimento e que falam apenas uma ou duas línguas no infantário/escola. Também, algumas crianças são referenciadas como aprendizes de uma segunda língua. Uma criança que fala apenas uma língua em casa desde o seu nascimento e após os três anos é exposta a uma segunda língua, é considerada um aprendiz de uma segunda língua. Como é que o Bilinguismo/Segunda Língua Afeta a Fluência? Em crianças pequenas que são bilingues ou aprendizes de uma segunda língua, a gaguez pode ser notada quando:
  • A criança mistura o vocabulário das duas línguas numa só frase. Isto é um processo normal que ajuda a criança a aumentar as suas competências no idioma mais débil, mas pode provocar temporariamente um aumento da disfluência.
  • A criança está a ter dificuldade em encontrar a palavra correta para expressar as suas ideias, o que resulta num aumento da disfluência.
  • A criança está a ter dificuldade em usar frases gramaticalmente complexas em uma ou nas duas línguas, em comparação com outras crianças da mesma idade. Além disso, a criança pode cometer erros gramaticais. O desenvolvimento de proficiência em duas línguas pode ser gradual, de modo que o desenvolvimento pode ser desigual entre as duas línguas.
  • Adicionar uma segunda ou terceira língua entre as idades dos três ou cinco anos pode causar um aumento da gaguez (pode tornar-se mais severa). No entanto, este caso pode acontecer apenas quando: (1) A língua materna da criança não é sólida e/ou a criança está a ter dificuldades na sua língua materna, (2) Uma língua é mais usada do que a outra ou, (3) A criança resiste falar a língua adicional.
Recomendações e Sugestões para os Pais Falar com o meu filho usando dois idiomas em casa fará com que seja mais provável que ele comece a gaguejar? Não foi encontrada nenhuma evidência que sugira que falar duas línguas em casa desde o nascimento cause gaguez. Na verdade, esta pode ser a melhor altura para introduzir uma segunda língua. O meu filho tem ouvido/falado duas línguas em casa desde o nascimento e agora começou a gaguejar. O que devo fazer? Se o seu filho é bilingue e começou a gaguejar, recomendamos o seguinte:
  1. Supervisione a gaguez na língua mais sólida da criança, como geralmente é onde a gaguez é frequentemente mais notada.
  2. Siga as recomendações de prevenção da gaguez descritas em anteriores publicações da Stuttering Foundation.
  3. Se a gaguez persistir por mais de seis meses, consulte um terapeuta da fala especializado em gaguez.
  4. Evite misturar o vocabulário das duas línguas quando fala com a criança. Por outras palavras, fale uma língua de cada vez com a criança.
  5. Deixe que a criança misture o vocabulário das duas línguas, mas depois diga-lhe a palavra na língua materna. Não peça à criança que repita o seu exemplo.
Iniciar o meu filho numa língua adicional (segunda, terceira, etc.) entre as idades dos três e dos seis anos fará com que seja mais provável que ele comece a gaguejar? Não há indicação que de ensinar outra língua ao seu filho faça com que ele comece a gaguejar. Idiomas adicionais são introduzidos frequentemente por volta dos quatro anos de idade, que pode ser uma idade crítica tanto para a aprendizagem da língua como para a gaguez. Contudo, se as competências linguísticas do seu filho não estão a desenvolver-se de forma adequada para a idade ou se você deteta sinais de início de gaguez, você deve consultar um terapeuta da fala e adiar a introdução de um novo idioma até depois dos seis anos de idade. A literatura sugere que a introdução de uma segunda língua tão tarde quanto, ou mesmo depois, dos seis anos pode resultar em proficiência. Recentemente o meu filho começou a aprender uma nova língua e também começou a gaguejar. O que devo fazer? Se o seu filho está a aprender uma segunda língua ou é bilingue e começou a gaguejar, recomendamos o seguinte:
  1. Ajude o seu filho com palavras novas/difíceis iniciando a palavra quando você sabe de que palavra se trata. Por exemplo, você pode ajudar o seu filho dizendo-lhe qual é o primeiro som da palavra, ou dando pistas sobre o significado da palavra.
  2. Quando falar com o seu filho evite misturar palavras das duas línguas na mesma frase.
  3. Deixe que o seu filho use palavras das duas línguas quando ele está a falar.
  4. Quando reparar que o seu filho está a ter dificuldade em usar vocabulário ou gramática na língua mais sólida, é importante que você simplifique a sua própria linguagem.
Recomendações e Sugestões para o Terapeuta da Fala Quando trata uma criança que fala duas (ou mais) línguas, recomendamos o seguinte:
  1. Determine com cuidado a natureza da disfluência, para diferenciar se a criança está a gaguejar ou simplesmente a lutar com o desenvolvimento linguístico em duas línguas.
  2. Para começar obtenha uma amostra da linguagem, para diferenciar entre disfluências normais da fala, que pode caracterizar a segunda língua de aprendizagem em vez da gaguez.
  3. Compare os tipos e a frequência de disfluência entre as duas línguas para ver se as disfluências são observadas nas duas línguas. Se uma percentagem alta de disfluências normais da fala ocorre em apenas uma das línguas, isso pode ser um resultado de um conhecimento limitado na língua em vez de gaguez.
  4. Se iniciar um tratamento para a gaguez, trate a criança na sua língua mais sólida e monitorize a língua mais débil para determinar se os efeitos do tratamento transitam quando a segunda língua se torna mais complexa.
  Tradução livre do folheto “Stuttering and the Bilingual Child” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=75

Isso acontece com frequência.

Às vezes, de modo a evitar ou minimizar o problema, uma pessoa que já gagueja há algum tempo pode desenvolver algumas estratégias, por exemplo:

  • Ter um vasto vocabulário de palavras alternativas, para que as palavras “difíceis” possam ser evitadas.

  • Usar uma palavra ou frase como “arranque” que funciona como uma “preparação” para a palavra que querem dizer.

  • Usar um gesto físico – movendo uma mão ou pé, como que a “forçar” as palavras a serem ditas.

Embora estas estratégias possam ser muito úteis, também podem tornar-se parte do problema. Um truque que pode ter ajudado por algum tempo deixa de ser útil, mas tal como muitos hábitos, pode tornar-se num modo de vida.

Realmente, nós não recomendamos aconselhar uma criança ou um adulto a “pensar numa palavra nova” ou a “respirar fundo”. Embora pareça ajudar por um curto período de tempo, pode eventualmente piorar o problema.

Este tipo de estratégias exigem muita energia mental – é cansativo ter de se concentrar constantemente na maneira como está a falar, em vez de se concentrar no que está a tentar dizer.

Tradução livre.

Stammering Centre. Why is my daughter’s stammer quite different now that she is a teenager? Consultado a 5 de novembro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/daughters-stammer-changed-as-a-teenager

Encontrar o terapeuta da fala da sua área de residência Se está preocupado com a fluência do seu filho, deve contactar o terapeuta da fala da sua área de residência o mais rápido possível e marcar uma consulta para fazer uma avaliação. A maioria dos hospitais e alguns centros de saúde têm um serviço de terapia da fala. A escola que o seu filho frequenta também poderá ajudar. Algumas escolas têm terapeutas da fala que as visitam regularmente, ou o professor titular poderá ter o contacto do terapeuta. Médico de Família O seu médico de família também terá a informação que você precisa sobre os serviços de terapia da fala da sua área de residência.   Tradução livre. Stammering Centre. How can I get help? Consultado a 20 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/how-can-i-get-help2
Pela Doutora Lisa A. Scott Como pode saber se o seu filho tem um problema de gaguez? Se o seu filho gagueja apenas há alguns dias ou semanas é alarmante, mas provavelmente o melhor será esperar para ver se ocorre alguma mudança. Esperar um mês ou dois não parece afetar a forma como o seu filho responderá ao tratamento, e você poderá ser surpreendido com a rapidez com que a gaguez desaparece. No entanto, se a gaguez persiste há mais de dois meses, está a piorar em vez de melhorar, ou desapareceu e depois voltou, recomendamos que os pais preencham o gráfico de fatores de risco. Se o seu filho tiver dois ou mais fatores, contate um terapeuta da fala para saber se o seu filho deve ou não fazer um rastreio. tO que podem os pais fazer para ajudar? A primeira coisa que pode fazer para ajudar o seu filho é obter informações sobre a gaguez. Quanto mais informado estiver, melhores serão as suas decisões sobre as necessidades do seu filho. Se decidiu que gostaria que o seu filho fizesse um rastreio, telefone para a escola da sua localidade para se informar sobre os rastreios ou para o hospital. A terceira recomendação é fazer uma avaliação diária sobre a gaguez do seu filho numa escala de 1 a 10, em que 1 = não gaguejou neste dia e 10 = a pior gaguez que já ouviu. Esta classificação pode ser feita no calendário da família ou numa agenda, se tiver uma. Assim, poderá verificar ao longo do tempo se a gaguez está a melhorar, e se existem circunstâncias (por exemplo, a gaguez é pior no fim-de-semana, quando o seu filho está fora de uma rotina normal) que ajudam a perceber quais são os fatores que podem estar a contribuir para as mudanças na gaguez. Finalmente, se o seu filho mostra sinais de frustração ou de estar ciente da gaguez, é perfeitamente aceitável dizer “Algumas palavras são difíceis de dizer, não são? Às vezes também há palavras que tenho dificuldade em dizer.” ou comente que quando está a aprender alguma coisa é preciso praticar. Não há problema em verificar se o seu filho está a fazer um grande esforço e é importante que ele saiba que isso é normal quando está a aprender novas competências. Tente não dar muita importância e não deixe que o seu filho pense que é mau gaguejar. O que é relevante é que é apenas a maneira como as palavras às vezes são ditas e que não há problema. Estamos apenas a aprender palavras novas e como devemos dizê-las. Quando deve procurar ajuda profissional para uma criança que gagueja? Se o seu filho gagueja há três ou seis meses e já tem mais do que três anos, deverá fazer uma avaliação da sua fala e das suas competências linguísticas. Mesmo que você e o terapeuta da fala decidam que não é necessário fazer terapia neste momento, você ficará com uma base de exemplo das competências de comunicação do seu filho e que poderá usar mais tarde como termo de comparação. Se o seu filho continua a gaguejar um ano após você ter reparado pela primeira vez, então poderá ser necessário fazer terapia da fala. Porém, tenha em mente que não é incomum as crianças mais velhas fazerem, às vezes, uma pausa na terapia. Para as crianças mais velhas, provavelmente a terapia será necessária se a criança mostrar relutância em participar na sala de aula, se tem dificuldade em interagir com os seus pares, ou se a gaguez faz com que a criança não participe nas atividades da sala de aula, como por exemplo falar sobre algo ou ler em voz alta. Em que consiste a terapia profissional? A terapia profissional para a gaguez geralmente consiste em ajudar as crianças a aprender uma maneira mais fácil de falar e depois aprender a usar essas competências em lugares diferentes (em casa, na escola, …). Consiste também em ajudar a criança a se tornar no melhor comunicador possível, inclusive ser um bom ouvinte e a não interromper os outros. Que se saiba não há nenhuma cura para a gaguez, mas temos sucesso com as crianças que vêm à terapia enquanto ainda são jovens e ainda não aprenderam que falar pode ser difícil ou pode ser uma experiência negativa. Além disso, mesmo que não se possa “curar” o problema, podemos ajudar a criança a controlar a sua gaguez de uma forma que o ajudará a ser confiante e que estará disposto a partilhar as suas ideias quando e onde as quiser partilhar.   Tradução livre do folheto “Finding Help” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=127
Objetivos da terapia da gaguez Normalmente há dois objetivos principais na terapia da gaguez para crianças:
  1. Tornar a fala mais fácil, e
  2. Desenvolver atitudes e sentimentos saudáveis em relação à fala.
Através de ferramentas de aprendizagem da fala podemos torna-la mais fácil. Estas ferramentas ajudam a produzir a fala de uma maneira diferente, tal como reduzir a quantidade de tensão que está no sistema de fala, começar uma frase com mais ar, ou gaguejar numa maneira mais fácil. O desenvolvimento de atitudes e sentimentos saudáveis em relação à fala é alcançado através da aprendizagem de como responder às situações de fala com menos ansiedade, tornar-se mais confiante na capacidade de usar ferramentas da fala e usar competências de resolução de problemas em situações de fala difíceis. Nem toda a gente precisa de mudar o que sente em relação à fala. Muitas crianças e adolescentes são autoconfiantes e falam de bom grado com outros. Para alguns, no entanto, falar pode produzir sentimentos de ansiedade ou medo, até mesmo culpa e vergonha. Ultrapassar estas atitudes e sentimentos negativos pode ser tão importante como aprender a falar com mais facilidade. Falar mais fluentemente é apenas uma parte de ser um bom comunicador. Aprender a se revezar, a não interromper e a olhar nos olhos quando falamos com alguém são, também, importantes competências de comunicação. Às vezes, quanto mais tentamos usar as ferramentas adquiridas e quanto mais tentamos ser fluentes, o mais provável é que vamos gaguejar. Novamente, é importante saber que quando gaguejamos não há problema e não devemos sentir-nos envergonhados. Porque é que as crianças poderão não usar as ferramentas da fala o tempo todo Para qualquer um de nós é difícil mudar a maneira como falamos. Pense nas vezes que teve de tentar falar mais devagar ou usar um estilo diferente para falar e depois pense se seria capaz de fazer isso em todas as situações com todos os ouvintes. Ser esperado que se use as ferramentas da fala de forma consistente pode ser especialmente difícil para uma criança ou adolescente que gagueje. Possíveis razões para uma criança ser incapaz ou não querer usar as suas ferramentas incluem:
  • Estar inseguro sobre como utilizar as ferramentas da fala;
  • Estar agitado ou ser apressado;
  • Sentir-se cansado ou doente;
  • Ter dificuldade com as exigências linguísticas da situação de fala em que se encontra, como ter de dar uma resposta longa ou complexa.
As pessoas que não gaguejam não prestam muita atenção à maneira como uma pessoa que gagueja fala. Um exemplo de como é difícil fazer este tipo de mudança pode ser praticar escrever a sua assinatura com a mão oposta. Depois de tentar escrever com a mão oposta pergunte a si mesmo:
  • Teve de pensar muito por ter escrito com a mão oposta?
  • Pareceu-lhe natural?
  • A sua assinatura parece-se com o que faria normalmente?
Consideramos que escrever a nossa assinatura com a mão oposta requere muito da nossa atenção, parece-nos muito pouco natural por causa da mudança do angulo da caneta ou da pressão aplicada no papel e não se parece nada com a nossa assinatura. É isto que se sente ao mudar o discurso: requer concentração, não é natural e soa diferente. Estas são algumas razões para que se possa hesitar em usar as ferramentas da fala. Que alterações esperar da terapia da fala A terapia da fala pode ser um processo a longo prazo. Ir à terapia pode produzir mudanças tanto na fala como no sentimento em relação à fala à medida que a criança ou adolescente aprende a gerir com sucesso a sua gaguez. Como resultado da terapia da fala você poderá notar:
  • Um discurso mais fluente;
  • Gaguejar com menos tensão;
  • Mais contacto visual;
  • Responder voluntariamente a questões, em vez de responder apenas quando lhe é perguntado diretamente;
  • Contribuir com ideias durante uma conversa ou um brainstorm;
  • Falar mais com amigos e familiares.
  Este material foi adaptado a partir do livro: StraightTalk for Teachers, por L. Scott, C. Guitar, K. Chmela, & W. Murphy. Tradução livre do folheto “What Happens in Stuttering Therapy” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=145
Escrito pela Doutora Lisa A. Scott O meu filho deve fazer terapia da fala? Para algumas pessoas a gaguez pode acompanha-las durante toda a vida. No entanto, não tem de interferir com a capacidade do seu filho de fazer amigos, com a participação na sala de aula, com as boas notas, com a formação de relacionamentos duradouros ou com o alcançar de objetivos profissionais. Decidir se deve levar o seu filho a um terapeuta da fala pode ser uma decisão difícil. No entanto, muitos pais estão preocupados porque julgam que levar uma criança a um terapeuta da fala vai aumentar a consciência da criança para a gaguez e, assim, ter um efeito negativo, ou então não têm a certeza de quando será a melhor altura para a criança começar a ter terapia da fala, especialmente quando recebem conselhos contraditórios sobre a possibilidade de “esperar e ver” versus agir. Para aumentar a confusão, pesquisas sugerem que 70% das crianças que começam a gaguejar superaram a gaguez sem precisar da ajuda de um terapeuta da fala. Mas, a pesquisa também indica que se uma criança já gagueja há mais de um ano, a probabilidade de superar a gaguez sem terapia da fala é reduzida. Infelizmente, não existem diretrizes sobre o melhor momento para iniciar a terapia, embora a maioria dos terapeutas recomendem o início da terapia dentro dos seis a doze meses depois de ter observado o seu filho a gaguejar pela primeira vez. O que sabemos é que todas as crianças podem beneficiar da terapia, embora os resultados variem de criança para criança. Como resultado da terapia da fala, algumas crianças são capazes de eliminar completamente a gaguez. Outros aprendem estratégias que os ajuda a gaguejar menos, enquanto outros aprendem a falar de uma maneira mais fácil e menos tensa, embora às vezes a gaguez ainda seja percetível. Acima de tudo, todas as crianças podem aprender a tornar-se mais confiantes nas suas competências linguísticas. Levar o seu filho a um terapeuta da fala é um passo importante a dar que o vai ajudar. Assim que tomar esta decisão, deverá obter informações sobre a gaguez e sobre a terapia da fala para pessoas que gaguejam. Deste modo decidirá com mais facilidade o seguinte:
  • Qual o terapeuta da fala que se adequa melhor a você e ao seu filho;
  • A quantidade, a duração e o custo do tratamento;
  • Objetivos possíveis para a terapia da fala;
  • A quantidade de sucesso esperado.
Como escolher o terapeuta da fala? A chave para o sucesso em qualquer tipo de tratamento é encontrar alguém que tenha conhecimento sobre o tratamento em específico. Isto é especialmente verdade para a gaguez. Como é que encontra o terapeuta da fala (TF) adequado a si e ao seu filho? Primeiro, aprenda o máximo que puder sobre gaguez para que saiba se o TF que escolheu é o que tem mais conhecimentos sobre a gaguez na infância. Você pode até ler mais sobre a terapia para gaguez. Além disso, use uma fonte de referências. Contacte a universidade local, o hospital ou uma clínica de terapia da fala. As universidades que têm cursos de formação em terapia da fala costumam ter um departamento que faculta terapia para a gaguez. Entre em contacto com o departamento de educação especial da escola local para se informar sobre como fazer um rastreio e uma avaliação sobre a gaguez ao seu filho. Assim que contactar um terapeuta da fala, entreviste-o. Há muitas questões importantes que você quererá fazer, mas há umas em especial que são muito importantes.
  1. Quão confortável está em relação à avaliação e tratamento da gaguez? Isto é importante porque alguns terapeutas da fala não estão à vontade para trabalhar com a gaguez.
  2. Com quantas crianças que gaguejam é que já trabalhou? Esta pergunta ajudá-lo-á a determinar se o terapeuta tem o tipo de experiência que você precisa.
  3. Para você quais são os principais objetivos da terapia da fala para uma criança que gagueja? Esta pergunta ajudá-lo-á a decidir se as ideias e objetivos do terapeuta correspondem com os seus.
  4. Quais são as abordagens que usa na terapia da fala? Com que frequência é agendada a terapia? É importante que a terapia seja agenda para uma altura que seja a melhor para si, para o seu filho e para o terapeuta. Às vezes o horário da terapia que o terapeuta da fala propõe não é o melhor para si devido ao seu trabalho, ou não é o melhor para o seu filho por causa do tempo da sesta, ou por causa de outros compromissos familiares. Ir para a terapia não deve ser extremamente inconveniente ou stressante.
  5. Para você qual é o papel que os pais devem ter na terapia da fala? Para a maioria das crianças, o grau de sucesso na terapia da fala está diretamente relacionado com a quantidade de apoio que recebem dos seus familiares. Uma parte importante deste processo será encontrar um terapeuta da fala que acredite que você tem um papel crucial na terapia e que está disposto a ajudá-lo a aprender como é que deve ajudar o seu filho.
Quantidade, duração, e custo do tratamento A quantidade de terapia necessária e a duração estão relacionadas e geralmente são diferentes de criança para criança. A decisão sobre a quantidade de terapia necessária e com que frequência deve ser agendada é, normalmente, feita após uma avaliação. Se procurar os serviços da escola local e se o seu filho for considerado uma criança que gagueja, a avaliação e a terapia necessária não terá qualquer custo. No entanto, se procurar os serviços de um terapeuta numa clínica privada já terá de pagar. Assim que completar o processo de avaliação, o terapeuta da fala explicar-lhe-á os resultados e em conjunto pensarão na quantidade de tempo que você espera que o seu filho precisa para a terapia e com que frequência deve ser agendada. A duração da terapia e a quantidade necessária dependerá das necessidades do seu filho, do tipo de terapia e da severidade da gaguez. Expectativas para o sucesso Ouvimos de muitos pais preocupados que o tratamento para a gaguez pode não ajudar o filho. Se o seu filho gagueja há mais de um ano, é pouco provável que a gaguez desapareça por completo. No entanto, um terapeuta da fala que tenha conhecimentos sobre a gaguez pode, quase sempre, ajudar as crianças que gaguejam a fazer mudanças positivas na maneira como falam. À medida que trabalha com o terapeuta da fala para atender aos objetivos do seu filho, você também vai definir os seus critérios de sucesso. Tornar-se num comunicador eficaz e viver com sucesso com a gaguez deve estar entre os critérios mais importantes. Objetivos da terapia A terapia da gaguez para as crianças normalmente significa aprender a falar de uma maneira mais fácil, e construir emoções e atitudes positivas em relação à fala. Como resultado, a duração e o tipo de terapia pode variar imenso dependendo das necessidades do seu filho. Segue-se um exemplo do que inclui uma lista com objetivos de terapia:
  • Reduzir a frequência da gaguez;
  • Diminuir a tensão e a luta nos momentos de gaguez;
  • Trabalhar para diminuir as fugas a palavras ou de situações;
  • Aprender mais sobre a gaguez;
  • Utilizar competências de comunicação eficazes, tal como contacto visual e fraseologia.
Trabalhar em conjunto com um terapeuta da fala que tenha conhecimentos sobre a gaguez ajudará o seu filho a aprender a falar bem e com sucesso.   Este material foi compilado pela Doutora Lisa Scott-Trautman Tradução livre do folheto “Stuttering Therapy for Children” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=150
As crianças com gaguez severa devem ser encaminhadas imediatamente para um terapeuta da fala. As crianças com gaguez suave que não mostraram melhorias significativas no prazo de seis a oito semanas, dependendo da criança, também devem ser encaminhadas para um terapeuta da fala. Estas crianças deverão receber tratamento direto caso se justifique, os seus pais receberão apoio e orientação, e serão acompanhados cuidadosamente. Algumas crianças com gaguez suave podem receber tratamento direto, mas este deve ser planeado com cuidado para que a criança não se sinta apreensiva ou consciente acerca do problema. As crianças com disfluências normais não precisam de ser encaminhadas para um terapeuta da fala, a não ser que os pais estejam tão preocupados que necessitem de provas sobre a normalidade da fala da criança. Também podem ser seguidos pelo terapeuta da fala para que este lhes forneça orientação adicional, caso seja necessário. O terapeuta da fala, para o qual a criança é encaminhada, deve ter experiencia na área da gaguez. Conclusão Os pediatras, os médicos de família e outros profissionais de saúde são, frequentemente, os primeiros profissionais a quem os pais pedem conselhos sobre as disfluências dos seus filhos. Estes profissionais podem ajudar na prevenção da gaguez. A identificação precoce das crianças em risco de gaguez crónica e o encaminhamento apropriado é fundamental. Além disso, um aconselhamento eficaz para os pais pode, frequentemente, ajudar a criar um ambiente propício para as crianças superarem as suas disfluências. Os autores deste livro atenderam, muitas vezes, adultos com gaguez severa, cujos pais foram informados no sentido de “Não se preocupe, ele vai superar”, de modo que a oportunidade para fazer terapia, quando a doença tem mais probabilidade de ser tratada, já passou. Descobrimos, repetidamente, que quando as crianças são encaminhadas para um terapeuta da fala precocemente, o tratamento é mais eficaz, mesmo nos casos de gaguez severa. A intervenção precoce impede o desenvolvimento de hábitos ao longo da vida que interferem com a vida social e o sucesso da vida académica e profissional. Tradução livre do folheto “When to Refer to a Speech Language Pathologist” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/when-refer
Aconselhar pais de uma criança com disfluências normais Se uma criança aparenta ter disfluências normais, os pais devem assegurar-se de que essas disfluências são iguais aos erros que todas as crianças cometem quando estão a aprender algo novo, como andar, escrever ou andar de bicicleta. Os pais devem ser aconselhados a aceitar as disfluências sem nenhum comentário ou reação percetível. Os pais especialmente interessados podem achar útil falar mais pausadamente, usar frases curtas e simples, e reduzir o número de perguntas que fazem. Também podem querer arranjar um momento durante o dia em que a criança pode falar com eles num ambiente calmo e relaxante. Não devem pedir à criança para falar mais devagar ou para repetir uma palavra disfluente. Em vez disso, devem concentrar-se em ouvir calmamente o que a criança está a dizer.   Aconselhar os pais de uma criança com gaguez suave Os pais que têm um filho com um problema de gaguez suave devem ser aconselhados a não mostrar preocupação à criança. Em vez disso, devem ser ouvintes pacientes. Devem ter como objetivo proporcionar um ambiente confortável para conversar e minimizar a frustração e embaraço da criança. Geralmente os pais ficam aborrecidos quando o seu filho repete sons ou palavras. Contudo, os pais devem assegurar-se que são apenas “deslizes e trambolhões” que a criança comete à medida que está a aprender a combinar a sua capacidade de falar com as muitas ideias que tem para expressar. Se os pais mostrarem à criança que aceitam a sua gaguez, poderão estar a ajudar a fala e o desenvolvimento da linguagem da criança, sem que aumente a tensão física e a luta. Os pais também devem ser aconselhados a falar num ritmo mais calmo, especialmente quando a criança estiver a passar por um período em que a gaguez aumentou. Para os pais mais ocupados é, frequentemente, mais difícil mostrar modelos de discurso mais lentos para que a criança possa imitar. Portanto, é provável que necessitem de incentivo para continuar esta prática após a primeira tentativa. A maioria das crianças, quer gaguejem ou não, beneficiarão deste tipo de discurso por parte dos adultos, visto que é o mais parecido com o seu ritmo natural. As crianças que gaguejam podem sentir menos necessidade de falar num ritmo mais acelerado se os seus pais falarem num ritmo mais lento. Mesmo que os pais proporcionem modelos de discurso mais lentos e descontraídos, devem abster-se de criticar, de mostrar aborrecimento, ou de dizer à criança para “abrandar”. Essa situação poderá causar uma grande luta que tornará mais difícil para a criança falar num ritmo mais lento. Também é importante que os pais proporcionem diariamente oportunidades de conversação com a criança, num ambiente calmo e tão frequentemente quanto possível. Este é um momento em que a criança experimenta a sensação de ser ela a escolher a atividade e de poder falar sobre qualquer coisa que queira. Se a criança fizer alguma pergunta sobre o problema, os pais devem falar sobre o assunto com naturalidade: “Toda a gente sente dificuldade em aprender a falar. É preciso tempo e muitas pessoas sentem dificuldade. Está tudo bem. É como aprender a andar de bicicleta. É um pouco complicado no início.” Se a criança pedir ajudar, os pais podem mencionar casualmente que falar devagar às vezes ajuda ou que a criança não precisa apressar-se. Se a gaguez persistir por quatro a seis semanas, ou mais, apesar dos esforços por parte dos pais, ou se os pais são incapazes de seguir estas sugestões, a criança deve ser encaminhada para um terapeuta da fala. O tratamento de uma criança com gaguez suave pode ser indireto e focado na criação de um ambiente no qual a criança se sinta razoavelmente relaxada quando fala, tanto em casa como com o terapeuta. Se for necessário um tratamento mais direto, o terapeuta da fala pode mostrar à criança como é que ela pode produzir um discurso mais suave, sem aumentar a tensão física e a luta, de modo a que a gaguez diminua gradualmente até ficar parecida à fala normal.10,11 Alguns terapeutas da fala poderão preferir treinar os pais, de modo a que estes trabalhem mais diretamente com a criança.10   Aconselhar os pais de uma criança com gaguez severa As crianças que têm gaguez severa devem ser encaminhadas imediatamente para um terapeuta da fala para que este possa fazer uma avaliação, aconselhar e, se necessário, fazer um tratamento direto. Porque a gaguez severa parece desenvolver-se, frequentemente, quando a criança está a esforçar-se, ou fica com medo, ou preocupada com a maneira como está a falar, qualquer coisa que a ajude a relaxar e a levar as suas disfluências na desportiva serão um benefício. Os pais devem falar num ritmo mais lento. Devem mostrar à criança que a aceitam, independentemente da gaguez, e que estão a prestar atenção ao que a criança está a dizer e não à maneira como ela está a falar. O terapeuta da fala que trabalha com a criança também pode incentivar os pais a assentir ou a comentar a coragem do filho em “não desistir” quando este está a ter um momento particularmente difícil com uma palavra. Além disso, a criança com gaguez severa beneficiará, provavelmente, se for capaz de partilhar a sua frustração com os pais. Esta situação pode ser difícil para muitas famílias, mas pode ser melhorada com a ajuda de um terapeuta da fala. O tratamento profissional para a gaguez severa consiste, frequentemente, em ajudar a criança a ultrapassar o medo de gaguejar e, ao mesmo tempo, ensiná-la a falar, independentemente da gaguez, num ritmo mais lento e relaxado. Alem disso, também faz parte do tratamento ajudar a família da criança a criar uma atmosfera de aceitação da gaguez e propícia à facilidade em falar.7,10 Tal como foi mencionado anteriormente, alguns terapeutas da fala podem preferir treinar os pais, para que estes possam proporcionar alguns aspetos da terapia em casa. O terapeuta pedirá aos pais que registem cuidadosamente as respostas da criança ao tratamento e acompanhará de perto a terapia.7 Durante o período de um ano ou mais, a gaguez da criança diminuirá gradualmente na sua frequência e duração. Em alguns casos, a criança poderá recuperar completamente. O resultado do tratamento dependerá da natureza do problema, da presença de outros motivos, da competência do terapeuta da fala e da capacidade da família para prestar apoio.
  1. Fox, P.T., Ingham, R.J., Ingham, J.C., Zamarripa, F., Xiong, J.-H., and Lancaster, J.L. (2000). Brain correlates of stuttering and syllable production: A PET performance-correlation analysis. Brain, 123:1985-2004.
  2. Harrison, E. and Onslow, M. (1998), Early Intervention for Stuttering: The Lidcombe Program. In R. F. Curlee (Ed.), Stuttering and Related Disorders of Fluency, (2nd ed.). NY, NY.: Thieme.
  3. Pellowski, M., Conture, E., Roos, J., Adkins, C. & Ask, J. (2000, November). A parent-child group approach to treating stuttering in young children: treatment outcome data. Paper presented to Annual Conference of American Speech-Language-Hearing Association, Washington, DC.
  Tradução livre do folheto “Counseling Parents” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/counseling-parents
  • Pode ser desconfortável ouvir uma pessoa cujo discurso é interrompido pela gaguez, mas tente mostrar que você está à vontade e pronto para ouvir.
  • Evite adivinhar a palavra ou terminar as frases – é muito tentador, mas pode se enganar ou pode apenas fazer com que a pessoa se sinta mal.
  • Estabeleça contacto visual normal – isto não significa olhar fixamente! Olhamos todos ao redor quando falamos uns com os outros, mas certifique-se que também olha para a pessoa enquanto a está a ouvir.
  • Oiça o que está a ser dito e não a maneira como está a ser dito.
  • Tente mostrar que não está com pressa – um sentimento de urgência cria tensão.
  • Se você fala num ritmo muito rápido, isso aumenta a pressão e acelera as conversas – monitorize o seu ritmo de fala e “mude de velocidade” se necessário.
Quando fala com uma criança que gagueja
  • Se você acha que uma criança possa estar a gaguejar, é muito importante que fale sobre isso com os pais/responsáveis.
  • Não diga à criança para “abrandar” ou para “respirar fundo” – o primeiro é muito difícil para uma criança e o último pode tornar-se parte do problema.
  • Depois de falar com os pais/responsáveis, se a criança está ciente do problema, então pode ser útil mencioná-lo cuidadosamente; por exemplo: “Essa palavra foi difícil de dizer, mas muito bem, deste o teu melhor”.
  • Você pode tentar falar mais devagar. Conversas num ritmo rápido aumenta a pressão sobre a criança que gagueja e isso pode fazer com que seja mais difícil para a criança ser fluente.
  • Tente mostrar que não está com pressa; que tem tempo e que quer ouvir. Caso não tenha tempo, então diga… “Eu realmente quero ouvir o que tens a dizer, mas eu tenho de fazer um telefonema agora – podemos falar mais tarde?”. Certifique-se de que não se esquece da sua promessa!
  • Elogie a criança pelas coisas que ela faz bem – sem se centrar na sua fala.
  • Tente não fazer muitas perguntas, uma após a outra. Uma questão é suficiente – e dê à criança tempo para responder.
  • As crianças que gaguejam, frequentemente gaguejam em frases longas e difíceis. Seja um bom exemplo e mantenha as suas frases simples.
  • Oiça o que está a ser dito e não a maneira como está a ser dito.
  Tradução livre. Stammering Centre. Tips for family & friends. Consultado a 20 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/tips-for-family-and-friends
Os pais podem reparar que por vezes o seu filho gagueja e noutras vezes fala fluentemente. Consegue ver um padrão nisto? Quando é que ele parece ser mais fluente? Para algumas crianças isso parece que acontece quando estão calmas, não são apressadas ou não estão a competir com outros. Isto pode ser numa situação de fala de um-para-um. O que acha que o ajuda a falar mais fluentemente? Os seus instintos estão, provavelmente, certos – se acha que ele precisa de dar a si mesmo mais tempo, ou de se acalmar, é muito provável que isso o ajude. Pode ter reparado que o seu discurso é menos fluente quando ele está entusiasmado ou com pressa, quando ele está a tentar explicar uma coisa complicada, quando ele está cansado ou doente ou quando as rotinas normais mudam. Novamente, seguir os seus instintos sobre como ajudá-lo é geralmente a melhor abordagem. Se você acha que ele precisa de dormir mais, voltar à rotina ou parar de andar apressado, então, fazer alterações nessas áreas pode ajudar o seu discurso. Pense no que já sabe sobre o seu filho e o que parece afetar a sua fluência e tente fazer algumas mudanças que acha que podem ser úteis. Aqui estão algumas ideias gerais que pode querer considerar:
  • Passar algum tempo (5 minutos) com o seu filho com regularidade, quando estão ambos calmos e sem pressas e quando não há a probabilidade de serem interrompidos.
  • Pense sobre o bem-estar geral do seu filho, nos seus hábitos de sono e alimentares, na sua saúde e no seu ritmo de vida.
  • Analise as conversas da sua família – deixam o outro terminar de dizer o que quer dizer? Há alguém que monopolize a conversa durante o tempo todo? Interrompem-se uns aos outros quando falam?
  • Desenvolver a confiança do seu filho, concentrando-se no que ele está a fazer bem e elogiando-o por isso.
  • Pense na linguagem que o seu filho usa e se ele está a tentar usar palavras e frases sofisticadas para se expressar. Que tipo de linguagem usam as pessoas quando falam com ele?
Os pais preocupam-se, frequentemente, com o que devem responder quando a criança está a ter dificuldade em falar. Podem ter medo de reconhecer a dificuldade, pois acham que poderá, de alguma forma, torná-la pior. Achamos que é bom reconhecer a dificuldade, da mesma maneira que você poderá reconhecer se o seu filho estiver a ter dificuldade com outra coisa qualquer, como atar os atacadores, ou resolver exercícios difíceis nos trabalhos de casa. Assim, depois da criança terminar de falar você pode dizer “Oh, isso foi difícil para ti, não foi! Muito bem, no fim conseguiste lá chegar!”. Não há necessidade de dar um rótulo à dificuldade, mas mostrar à criança que não faz mal mencioná-la pode ajudá-la a sentir-se melhor em relação a esse assunto. Tradução livre. Stammering Centre. Tips for parents. Consultado a 20 de outubro de 2016. Disponível em: http://www.stammeringcentre.org/tips-for-parents
  • Você deve estar ciente da preocupação e desconforto do seu filho. O seu filho vai tentar não gaguejar. Mas quanto mais ele tenta, pior fica a sua gaguez.
  • Provavelmente faz observações de vez em quando sobre a gaguez do seu filho. É compreensível que você queira ajudar. Talvez não seja fácil para si ouvir o seu filho gaguejar e gostaria que ele parasse. Você deve observar cuidadosamente quando diz ou faz algo para ajudar o seu filho. Se a sua ajuda fez com que o seu filho se tornasse mais relaxado e calmo, você estará a ter a atitude certa. Além disso, o discurso do seu filho melhorará.
  • É possível que o seu filho não queira ser ajudado quando está a falar. Nesse caso, não adianta tentar ajudá-lo. Ele só ficará mais tenso. (Talvez porque ele pense que não possa ser imperfeito?) Quando mais tensa fica a criança, mais difícil será para ela articular as palavras. Melhor do que um desconhecido, os pais sabem quando é que o seu filho está tenso ou relaxado. É por isso que pedimos a sua ajuda. Porque você conhece bem o seu filho e saberá o que ele está a sentir. O seu apoio é o mais valioso de todos.
  • É importante afirmar que o comportamento dos pais não é a causa da gaguez. O seu filho nasceu com uma tendência hereditária para a gaguez. Isto significa que a área de expressão é um ponto fraco. A gaguez manifesta-se quando algo (em qualquer área da vida) se complica. A gaguez em si é inofensiva. Mas se o seu filho pensa que os outros não gostam que ele gagueje, ele vai tentar falar “melhor” e vai tentar esconder a gaguez ou parar de gaguejar. Esta atitude tornará a gaguez mais severa, e esta é a razão pela qual ele sofre.
  • Então lembre-se que você não é a causa da gaguez do seu filho, mas você é o melhor apoio que ele pode ter neste caminho a percorrer para falar com mais facilidade. O seu filho pode sentir-se zangado e desanimado por causa do seu problema de fala. O que ele mais precisa são pais que lhe permitem estar ressentido ou triste e que mostrem que o compreendem.
  • Talvez o seu filho ainda não tenha coragem de discutir este assunto consigo. Mas ele precisa de sentir que tem a sua permissão para o fazer quando quiser. De vez em quando você pode perguntar, sem constrangimento, o que é que ele pensa e sente sobre a sua gaguez. Certifique-se que a criança está à vontade para não falar sobre o assunto caso ainda não esteja pronta para o fazer. Você pode estar muito preocupado sobre o futuro do seu filho. Partilhem as vossas preocupações um com o outro e também com um terapeuta da fala.
  • É importante para si e para o seu filho não ficarem preocupados. Então tente encontrar ajuda competente o mais breve possível.
  • A gaguez pode manifestar-se de várias formas, por isso não posso dar mais do que este conselho geral. Provavelmente o seu filho raramente ou nunca está tenso e você pode achar que apenas um pouco do que foi dito aqui seja aplicável. Mas se você se sente preocupado e ansioso, não hesite em procurar a ajuda que você e o seu filho têm direito.
  Estas dicas são do livro "Sometimes I Just Stutter", de Eelco de Geus. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=7
Compilado pelo Doutor Barry Guitar e pelo Doutor Edward G. Conture
  1. Fale com o seu filho sem pressas e pausadamente. Após o seu filho terminar de falar aguarde alguns segundos antes de começar a falar. O seu modo de falar lento e relaxado será muito mais eficaz do que qualquer crítica ou conselho como “abranda” ou “tenta novamente, mas mais devagar”.
  2. Reduza o número de questões que faz ao seu filho. As crianças falam mais livremente quando expressam as suas próprias ideias do que quando respondem às perguntas de um adulto. Em vez de fazer perguntas, comente simplesmente o que o seu filho disse, deixando-o a saber que você o ouviu.
  3. Use a sua expressão facial e a sua linguagem corporal para transmitir ao seu filho que você está a ouvir o conteúdo da sua mensagem e não a maneira como a mensagem está a ser transmitida.
  4. Reserve alguns minutos do seu dia, sempre no mesmo horário, onde você possa dar toda a sua atenção ao seu filho. Durante esse tempo, deixe que o seu filho escolha o que gostaria de fazer. Deixe-o dirigir as atividades e decidir se quer ou não falar. Durante este tempo especial, quando falar faça-o de maneira lenta, calma, relaxada e com muitas pausas. Este momento calmo pode fortalecer a confiança de uma criança, deixando-a a saber que os pais gostam da sua companhia. À medida que a criança cresce este tempo pode tornar-se num momento em que a criança se sente confortável para falar sobre os seus sentimentos e experiências com os pais.
  5. Ajude todos os membros da família a aprender a ouvir e a falar na sua vez. As crianças, especialmente as que gaguejam, acham que é muito mais fácil falar quando há poucas interrupções e quando têm a atenção dos ouvintes.
  6. Preste atenção à maneira como interage com o seu filho. Tente aumentar aqueles tempos em que passa a mensagem ao seu filho de que o está a ouvir e que tem muito tempo para falar. Tente diminuir as críticas, os padrões de fala rápida, as interrupções e as perguntas.
  7. Acima de tudo, transmita ao seu filho que gosta dele tal como ele é. O melhor que pode dar ao seu filho é o seu apoio, quer ele gagueje ou não.
  Tradução livre do folheto “7 Tips For Talking With Your Child” da SFA. http://www.stutteringhelp.org/Default.aspx?tabid=38 01-02-2012
Para muitas pessoas, o ano novo traz esperança e uma alegre expetativa. Mas para aqueles que lutam com a gaguez, o velho medo de falar e de ser provocado são os mesmos. “Fui muito atormentado devido à minha gaguez,” recorda o Peter de 16 anos, “que eu nem ia almoçar, porque não queria sentar-me sozinho numa mesa.” “Durante as aulas não levanto a minha mão, porque fico preocupado com o que os outros podem pensar,” diz o Juan de 14 anos. Um dia típico de escola pode ser repleto de situações dolorosamente embaraçosas para as crianças que gaguejam. Os pais que se apercebem que os seus filhos estão a começar a gaguejar, devem procurar ajuda imediatamente. “Antigamente, os especialistas acreditavam, incorretamente, que dar atenção à gaguez de uma criança agravaria a situação”, disse a terapeuta da fala Lisa A. Scott, Ph.D. da Universidade do Estado da Flórida. “Sabemos agora que as crianças que gaguejam terão um discurso significativamente menos disfluente e uma taxa de recuperação mais elevada se forem tratados enquanto são novos.” “Sempre que os pais estiverem preocupados com a fluência da criança”, constata Jane Fraser, presidente da “Stuttering Foundation”, “Devem instruir-se sobre o distúrbio e sobre as muitas maneiras de prevenir a gaguez de se tornar num problema crónico. O tratamento precoce para as crianças que gaguejam é a chave!”   Tradução livre do folheto “New Year - Old Fears” da SFA. Fonte http://www.stutteringhelp.org/content/new-year-old-fears-1  

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